O funcionário público Elton Santos Costa, 28 anos, assassino confesso da operadora de telemarketing Camila Castro de Novais, 20, revelou em depoimento nesta quarta-feira (5) à polícia que a vítima ameaçava contar sobre o caso extraconjugal que mantinham para esposa dele. Elton foi preso dois dias depois de esfaquear e atear fogo na amante viva, em um matagal em Cajazeiras X.
Em depoimento à polícia, Elton contou que há cerca de dois meses estava em relacionamento amoroso com Camila. A relação entrou em crise, na versão do rapaz, quando Camila ameaçou ir até o trabalho da esposa de Elton para contar sobre o caso entre os dois.
No último domingo (2), o casal marcou um encontro no final da tarde, e Elton foi buscar Camila de carro no bairro de Fazenda Grande III, onde ela morava. Elton contou que eles começaram a discutir e que a garota o atacou com uma faca. Segundo a delegada Jamila Cidade, titular da 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central), do Departamento de Homicídios e Proteção á Pessoa (DHPP), nenhuma lesão foi encontrada no corpo de Elton e a suposta faca também não foi localizada.
Alegando agir em defesa, no momento em que passavam por um local conhecido como Pistão de Cajazeiras, o servidor público pegou um facão que estava no carro, retirou a moça do veículo, a levou até um matagal e esfaqueou. Os golpes atingiram as costas, os braços, as pernas e o rosto da moça. Em seguida, ele derramou álcool sobre a jovem e ateou fogo em Camila, que ainda estava viva. Elton, que não tem antecedentes criminais, negou que tenha premeditado o crime. Ele disse que “perdeu a cabeça” no momento em que discutiam.
Segundo a delegada, o celular da vítima não foi localizado e Elton afirmou à polícia que o aparelho telefônico dele também foi perdido. A polícia ainda investiga tanto a informação de que Camila ameaçava o amante quanto a possibilidade de ela ter feito isso usando uma faca.
Testemunhas encontram jovem em chamas
Um motociclista ouvido pelo DHPP passava pelo avenida no momento em que Elton desferia os golpes contra Camila. “A testemunha conta que parou a moto achando, inicialmente, que ele estivesse matando um cachorro de tão cruel que foi o ato. Mas ele viu que era uma mulher”, disse a delegada Jamila. O motociclista, então, saiu do local dizendo que iria chamar a polícia e, quando retornou com um amigo policial, Elton já havia fugido, mas Camila estava em chamas.
Um motociclista ouvido pelo DHPP passava pelo avenida no momento em que Elton desferia os golpes contra Camila. “A testemunha conta que parou a moto achando, inicialmente, que ele estivesse matando um cachorro de tão cruel que foi o ato. Mas ele viu que era uma mulher”, disse a delegada Jamila. O motociclista, então, saiu do local dizendo que iria chamar a polícia e, quando retornou com um amigo policial, Elton já havia fugido, mas Camila estava em chamas.
Os dois usaram as próprias roupas para apagar o fogo. Uma ambulância socorreu a mulher, mas ela não resistiu. Antes de morrer, a operadora de telemarketing ainda conseguiu revelar o nome e o bairro em que Elton morava, Fazenda Grande IV, dando pistas que foram importantes para a polícia chegar até o autor do crime. Segundo a polícia, Camila também comentou às testemunhas que tinha uma filha, de 3 anos, e ficou repetindo “Minha filha… minha filha…”.
A polícia investiga as reais motivações que Elton teve para matá-la. “O crime parece premeditado. Além de ter álcool no carro, a testemunha disse que o facão era novo, a ponto de brilhar quando ele dava os golpes. Já Elton disse aqui (na delegacia) que o facão era antigo e estava no carro para ser levado a um sítio”, afirmou Jamila.
Segundo a delegada Jamila Cidade, Elton, que trabalhava com controle de zoonoses na prefeitura de Salvador, esperou 48 horas para se apresentar na delegacia. A delegada afirmou que isso teria sido uma manobra dos advogados, retardando a apresentação dele, para que ele não fosse preso em flagrante. Porém, como a polícia já havia identificado a autoria crime, o plantão judiciário do Tribunal de Justiça já havia expedido o mandado de prisão.
“Ele achou que viria só para o interrogatório, mas, quando chegou, a decretação da prisão já estava em minha mesa, foi preso em cumprimento da (prisão) preventiva. Ele deve responder por homícicio qualificado. O motivo torpe, a forma cruel sem a possibilidade de defesa da vítima e também o feminicídio, já que mantinham uma relação amorosa, são os qualificadores do crime”, afirmou a delegada durante apresentação do caso na sede do DHPP, na Pituba. Ele pode pegar 30 anos de prisão.
Elton não foi apresentado à imprensa por conta de uma representação feita pelos advogados impedindo a participação dele na entrevista coletiva realizada pelo DHPP. Ao sair da delegacia para realização de exames de corpo delito no Departamento de Polícia Técnica (DPT), no entanto, Elton foi abordado pelo CORREIO. Ele não quis comentar o caso e se manteve calado enquando era levado pelos polícias para o carro que o levaria até à perícia. Ele foi encaminhado à Cadeia Pública, no Complexo Penitenciário da Mata Escura.
*As informações e fotos são do Correio 24 Horas
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