Duas pessoas morreram por chikungunya na Bahia em 2015. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), os óbitos ocorreram nas cidades de Itiúba e Jaguarari, ambas no Centro-Norte da Bahia. Os dois pacientes tiveram confirmação laboratorial para chikungunya e IgM positivo – que indica infecção aguda após o primeiro contato do corpo com algum bicho. A Sesab não informou em quais meses as mortes aconteceram, nem o sexo dos pacientes.
Mais uma morte foi confirmada em 2015 pela doença, segundo o Ministério da Saúde, mas no estado de Sergipe. Todos os pacientes tinham idade avançada (85, 83 e 75 anos) e traziam histórico de doenças crônicas. O vírus foi identificado no Brasil em 2014.
Além dos óbitos, boletim divulgado nesta sexta-feira, 15, pelo Ministério da Saúde traz outro sinal de alerta: o número da doença praticamente duplicou em três meses e os casos já chegam ao Sudeste. Até o fim de setembro, haviam sido contabilizadas 12.691 infecções. No relatório mais recente, foram informados 20.661 casos, um aumento de 62%.
A doença também se pulverizou. Num período de três meses, o número de cidades com registro de casos saltou de 36 para 83, além do Distrito Federal. A lista de Estados atingidos cresceu de forma expressiva: de 4 para 10, além do Distrito Federal. Pela primeira vez, o Rio figura entre os estados com circulação de casos: 12 ao todo.
Transmitido pelo Aedes aegypti, a chikungunya provoca sintomas semelhantes ao de sua prima mais conhecida, a dengue. Há um risco menor de ela provocar hemorragias. Por outro lado, pacientes com o vírus têm queixas mais frequentes de dores e limitações nas articulações – um problema que pode se tornar crônico.
O avanço dos casos da doença no Brasil, como o Estado revelou semana passada, é uma clara mostra de que o número de criadouros de Aedes aegypti é expressivo. O coordenador do Programa de Nacional do Controle de Dengue, Giovanini Coelho, afirma que desde que o vírus foi identificado, há um esforço para preparar os serviços de assistência para a doença e orientar profissionais de saúde sobre como atender os pacientes.
Quando a chikungunya desembarcou no Brasil, infectologistas e autoridades sanitárias previam um surto da doença, a exemplo do que ocorreu em outros países. A previsão não se concretizou mas, a julgar pelos últimos meses, a expansão da doença começa a ganhar ritmo.
Uma das possibilidades para esse comportamento, afirma Coelho é que de alguma forma os vírus dengue, chikungunya “competem” entre si, porque têm um vetor em comum. “A hipótese é a de que, com maior circulação de dengue, o chikungunya encontra maior dificuldade de expansão.”
A expectativa é que, diante da epidemia de grandes proporções de dengue registrada no País, o número de pessoas suscetível ao vírus tenha se reduzido – abrindo, então, espaço para maior circulação do chikungunya e do zika. Esse é o grande temor das autoridades sanitárias. No caso das duas doenças, a esmagadora maioria da população é suscetível, pois nunca teve contato com vírus.
Dengue é transmitida por quatro sorotipos (1,2,3 e 4). Cada vez que a pessoa é infectada por um sorotipo, ela desenvolve imunidade, mas somente para o subtipo a que ela foi exposta. Ela somente terá a doença se for infectada por outro sorotipo. Zika e chikungunya, por outro lado, apresentam apenas um subtipo.
Coelho atribuiu as mortes por chikungunya ocorridas no Brasil ao fato de pacientes infectados pelo vírus terem uma idade avançada e doenças pré-existentes. “Há um risco maior nesses casos. A infecção pode desestabilizar outros problemas que pacientes já apresentam.”
(Fonte Estadão Conteúdo)
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