Atendente exclusiva de WhatsApp trabalha 8 horas e ganha até R$ 2 mil

Atendente de WhatsApp em Campinas trabalha tirando dúvidas de clientes  (Foto: Priscilla Geremias/G1)
"Oi, você é um robô?" é, além da pergunta mais frequente, a mais estranha que Simone Souza Lourenço, de 28 anos, recebe todos os dias no seu trabalho. A jovem é atendente exclusiva de WhatsApp de um shopping de Campinas (SP) há pouco mais de um ano. O cargo é tendência nas empresas e tem remuneração entre R$ 1,5 mil a R$ 2 mil.
Simone tem o trabalho que parece dos sonhos: fica o dia todo no celular e "passeia" por lojas do shopping. Mas, a rotina não é tão simples assim.
"Eu fico andando pelo shopping, respondo as dúvidas dos clientes, vou até as lojas checar respostas para eles, caminho bastante para conseguir fazer tudo", conta.
Durante a entrevista ao G1, o aplicativo do shopping recebeu, em uma hora, mais de 20 mensagens solicitando os serviços de Simone.
"Os assuntos mais tratados são sobre compras, funcionamento dos serviços, horários e poucas reclamações. A maior parte das mensagens vem de mulheres e a pergunta mais estranha é 'Oi, você é um robô?´. A maior parte das pessoas tem curiosidade em saber quem sou", conta Simone. 
É preciso ter tato
Para enfrentar as dificuldades da função, Simone conta que é preciso ter tato.
"Às vezes é uma pessoa mais velha, ela não entende muito bem, você precisa explicar certinho. Ou, às vezes, uma pessoa que usa muitas gírias e você precisa entender o que ela está falando. É preciso tato. Fora isso não tem muita dificuldade. Às vezes a gente recebe algum spam ou piada, deletamos e ignoramos", explica a atendente de WhatsApp.
São, em média, três mil mensagens por mês, e a frequência maior é nos feriados e finais de semana.
Camila Gazotto é redatora e também atendente de WhatsApp em agência (Foto: Ricardo Bueno)

Necessidade de serviço
Segundo José Baptista, gerente de operações da empresa que oferece soluções integradas de infraestrutura para o shopping - e que empregou Simone e mais duas pessoas -, a necessidade de uma atendente de WhatsApp surgiu após perceberem que os clientes buscavam uma comunicação mais ágil.
"O cliente quer um atendimento diferente através da comunicação via celular, e o WhatsApp é uma ferramenta mundial que veio a calhar com essa necessidade. Por exemplo, uma pessoa quer comprar um item doméstico. Ela entra no aplicativo, se comunica e a funcionária da nossa empresa vai até uma loja, verifica preço e qualidade e devolve ao nosso cliente", afirma Baptista. 
Perfil da vaga
A função vem ganhando espaço no mercado de trabalho e o desafio é fazer bom uso de uma ferramenta desenhada para o pessoal.
"Isso está muito relacionado à nova dinâmica que os consumidores e os clientes têm exigido com as empresas. Eles buscam mais velocidade, dinamismo e soluções rápidas para um problema", explica Luiz Drouet, gestor de uma consultoria de recursos humanos de Campinas.
ara o cargo de atendente de WhatsApp é necessário ter boa comunicação e competência técnica de redação.
"Ainda que a comunicação seja mais informal, qualquer erro prejudica a imagem da empresa. É preciso também ter domínio do serviço prestado e agilidade para encontrar a solução dos problemas", afirma Drouet, que também que os jovens tem mais facilidade na área.
Baptista garante que suas funcionárias receberam um treinamento para desempenhar bem a função.
"O profissional aprende como atender melhor o cliente, há uma orientação sobre respostas, palavras, e que seja de forma rápida e dinâmica. Como ela tem vários chamados durante o dia, não pode demorar muito fazendo respostas longas ou criando vínculos", explica.
Recomendações para empresas
O uso do WhatsApp de forma corporativa pode trazer riscos se não houver um devido treinamento e acompanhamento do profissional, afirma Drouet.
"É muito fácil um cliente conseguir registrar um texto que foi enviado e depois repercutir nas redes sociais. Então, o treinamento e supervisão desse processo são importantes. Não é como o call center, que é registrado e acompanhado simultaneamente", diz o consultor de RH. 
As empresas, seja de grande, médio ou pequeno porte, devem traçar uma estratégia para esse canal de comunicação, segundo Drouet.
"A exigência do consumidor vai ser diretamente relacionada ao perfil da ferramenta. Se ele está acostumado a trocar mensagens instantâneas e ter um pronto retorno a partir do momento que ela utiliza isso para se relacionar com uma organização, ela também vai exigir prontidão", afirma. 
Fonte: G1

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