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Um ilustre cearense ainda povoa o imaginário do estado, com histórias até hoje surreais. Imagine um bode transitar livremente por Fortaleza, com presença garantida em bares e cafés da moda na Praça do Ferreira, no início do século XX. Pelo farto folclore, Bode Ioiôganhou recheio de palha e assento imortal no Museu do Ceará. Agora, um centenário depois, outro bicho surge em meio às eleições municipais: é o Bode 90.
A história vem do município de Jati, a 525 quilômetros da capital, no queixo do estado. A pequena cidade, com menos de 8 mil habitantes, desenha uma eleição, no mínimo, inusitada. A atual prefeita, Maria de Jesus Diniz, a Neta (PSD), foi eleita em 2012 pelo PR com larga vantagem para o segundo colocado, Francisco Luciano Beserra (PRB): 3.793 votos contra 1.418. Neta já confirmou junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará que pretende se reeleger. O problema é que apenas ela apresentou registro. Grupos políticos de oposição não conseguiram consolidar um nome para a disputa na urna e, agora, encontraram uma forma irreverente de protestar. O Bode 90 é o virtual concorrente ao cargo de prefeito de Jati – claro, sem registro. Afinal, o TRE não poderia oferecer respaldo, mesmo assim, moradores garantem que o animal tem votos certos.
Apesar do protesto criativo, ele não tem efeito real. Quando não há outro candidato registrado, resta ao eleitor optar por branco ou nulo, o que não impede a vitória da chapa solitária. Segundo a legislação eleitoral, apenas em municípios com mais de 200 mil habitantes é necessário o candidato ter 50% de todos os votos válidos, mais um. Nulos e brancos não são válidos.
Mesmo assim, sem chance de vitória, a história do bode já corre por Jati e cidades vizinhas e há quem prometa sósia de plástico, adesivos, passeata, palanque e tudo.
Outro bode-candidato
História semelhante aconteceu em 1996, na cidade alagoana de Pilar. Frederico era o bode lançado candidato em protesto contra políticos da região. Depois de pouco tempo de “campanha”, foi encontrado morto, sob suspeita de envenenamento. O proprietário do bichano, Petrúcio, em entrevista à Folha de SP, à época, disse que ele chegou a sofrer um atentado a bala dias antes, quando veículo no qual passeava foi metralhado.
Fonte: Rádio Verdes Mares
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