Número de candidatas às câmaras cresce 9%, mas ainda não representa população feminina

Foto: Reprodução / História Digital

O número de mulheres candidatas ao legislativo municipal neste ano na Bahia equivale a 31,91% do número de homens na corrida pelo mesmo cargo. As 10.683 candidaturas de mulheres confirmadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) representa aumento de 9,76% em relação ao registrado no pleito de 2012, mas sequer chega ao número de mulheres aptas a votar nas eleições: 5.509.991, ou 52,13% do eleitorado baiano, segundo dados do tribunal. A disparidade é incentivada pelo machismo na política e pela falta de engajamento das mulheres, que não são motivadas a participar do processo, de acordo com vereadoras da Câmara Municipal de Salvador (CMS). As observações são consenso entre quatro das cinco representantes femininas na Casa, de um total de 43 titulares. “Não é justo. É uma questão da democracia, pressupõe igualdade de oportunidade, de ocupação entre homens e mulheres nos espaços de poder e quando a mulher que é maioria da população e do eleitorado é tão sub-representação, há um déficit democrático na sociedade em relação às mulheres”, observa Aladilce Souza (PCdoB), líder da oposição na Casa. A comunista acredita que a participação feminina na formulação de políticas públicas é fundamental para mudança do cenário que observamos hoje, já que “o olhar da mulher não é igual ao dos homens”. “A mulher, pela própria experiência que a gente tem em termos de enfrentamento aos desafios, cuidado da família e da casa, a gente acaba valorizando determinados aspectos da sociedade que aos homens passam despercebidos”, explicou, antes de enumerar quais seriam essas perspectivas: violência contra a mulher e igualdade nas oportunidades do mercado de trabalho.


Das 43 cadeiras da Câmara Municipal de Salvador,
apenas cinco são ocupadas por mulheres |
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
Quem também observa que o “toque feminino” faz diferença na atividade política é a vereadora Ana Rita Tavares (PMB), já que as mulheres têm consigo a sensibilidade, a visão mais racional e a determinação quando dedicadas com alguma causa, além do sentimento materno de acolhimento. Ana Rita acredita que na próxima eleição, em 2018, a participação feminina seja maior, mas a presidente do PMB em Salvador acredita que isso está condicionado à criminalização da atividade. “Elas estão muito refratárias a essa coisa da corrupção, sempre acham que entrar na política é se preparar com um quadro de corrupção que elas não desejam. Elas querem ter ações e práticas responsáveis”, analisa. A vereadora Kátia Alves (SD) traz outra perspectiva para o debate, que vai além do machismo e do mau caminho por onde alguns políticos têm guiado a “arte da negociação”. A delegada coloca a baixa presença de mulheres nas casas legislativas na conta delas mesmas, e acredita ser necessário engajá-las nas questões políticas, já que esta é, a seu ver, a única ferramenta de transformação da sociedade. “Política é arte da negociação e as mulheres tem esse perfil. Precisamos ser motivadas e acabar com mentalidade dos partidos de que mulher é cota. Talvez seja isso que as mulheres hoje se ressentem. Ela [a mulher] tem que conhecer seu valor, sair da sua zona de conforto. Se é professora, vamos militar na área de Educação. Se é enfermeira, vamos para a área de Saúde. Eu sou policial, estou na área de Segurança Pública e das mulheres”, sugeriu.  A petista Vânia Galvão aposta em algumas medidas para reverter esse quadro. No âmbito institucional, a mudança das cotas de candidatura para as cotas sobre o número de eleitos por partido. No âmbito da sociedade civil, o debate do assunto e a conscientização dos cidadãos. “Estamos em último lugar. A Bolívia se destaca com mais de 53% das mulheres ocupando espaço no parlamento. É vergonhosa a situação do nosso país”, criticou. 

Fonte: Bahia Notícias 

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