Governo baiano suspende corte de água e garante manutenção de 6000 empregos em Ponto Novo e região

Foto: Reprodução

Fonte: Eduardo Salles
Após uma semana de muita apreensão e expectativa para a população da região de Ponto Novo, o governo da Bahia acatou as argumentações técnicas do ex-secretário estadual de Agricultura e atualmente deputado estadual, Eduardo Salles. Engenheiro agrônomo com pós-graduado em irrigação, o parlamentar solicitou que, ao invés da suspensão total da irrigação de 1,4 mil hectares de fruticultura, fosse autorizada a redução da irrigação de 20 horas por dia para quatro horas diárias.
“Esse prazo de quatro horas não garante a produção, mas evita que as plantas morram. Tão logo o período das chuvas retorne, a produção pode voltar e os empregos serem retomados”, explicou Eduardo Salles.
ENTENDA O CASO
A crise hídrica na região tem se agravado muito nos últimos meses em função da falta de chuvas significativas desde janeiro do ano passado. Em Ponto Novo, foi construída, há mais de uma década, uma barragem com o objetivo de irrigar 2,4 mil hectares de hortifruticultura e abastecimento de dois municípios. A motivação seria a geração de empregos em um local muito pobre do estado, mas que possui excelente potencial para a produção de frutas de altíssima qualidade em função das condições climáticas do semiárido.
“Porém, a EMBASA, ao longo dos últimos anos, em função da falta de investimentos em reservatórios e da crise hídrica, vem sangrando a barragem de Ponto Novo para abastecer dezenas de municípios vizinhos e consequentemente desvirtuando o objetivo daquele barramento”, conta o deputado.
O governador Rui Costa, em dezembro do ano passado, assinou a ordem de serviço no valor de R$ 14 milhões para a instalação do fusegate, equipamento que permitirá o aumento da capacidade de armazenamento da barragem de Ponto Novo em 25%. “Mas essa medida só surtirá efeito no próximo ano”, alerta Eduardo Salles.
Nas últimas semanas, as barragens de Pindobaçu e Ponto Novo, que são próximas, têm se aproximado das cotas de alerta e fez a equipe do governo sinalizar na última quinta-feira (26) com a perspectiva de suspensão do fornecimento de água para irrigação.
Em reuniões com o governador, os secretários estaduais de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, Cássio Peixoto, Agricultura, Vítor Bonfim, Relações Institucionais, Josias Gomes, e da Casa Civil, Bruno Dauster, Eduardo Salles encaminhou ofício solicitando a manutenção da irrigação no perímetro irrigado de Ponto Novo, mas em volumes menores.
No ofício, o parlamentar pondera que o perímetro de irrigação é responsável pela geração de aproximadamente 6.000 empregos diretos e indiretos na região e sua paralisação neste momento  iria causar um grave problema social e matar as plantas.
“A suspensão total da irrigação vai ocasionar a extinção de 1.400 hectares de fruticultura implantados no local. Como o custo de implantação por hectare é de R$ 60 mil, isto representaria um prejuízo de R$ 84 milhões e ocasionaria o desemprego em massa”, detalha Eduardo Salles.
“É claro que o abastecimento humano é prioritário. Não questiono isso. No entanto, não acho correta a suspensão total da irrigação porque há, no relatório produzido para tomar essa decisão algumas inconsistências técnicas”, revela o parlamentar.
O deputado aponta que o relatório sobre o armazenamento de água nas barragens de Pindobaçu e Ponto Novo, ambas próximas ao nível de alerta 2, o que obriga a destinar o recurso exclusivamente ao abastecimento humano, leva em consideração entrada zero de água por um ano.
“Qualquer técnico de hidrologia vai afirmar que este é um dado praticamente impossível de ocorrer. Para esse tipo de estudo, os técnicos poderiam levar em consideração as entradas mínimas de água nos últimos 50 anos”, explica.
Outro ponto do relatório questionado pelo deputado é que o abastecimento humano dos municípios de Queimadas e Santa Luz, por meio de liberação de água pela barragem para esta ser conduzida por 70 quilômetros tem sido, na sua visão, o maior motivo para a redução do nível das duas barragens. A perspectiva é que em breve o abastecimento não será mais feito pela barragem de Ponto Novo, mas sim pela barragem de Jacurici.
“O secretário Cássio Peixoto me revelou que já estão garantidos os recursos do Ministério da Integração Nacional, na ordem de R$ 3,4 milhões, para a construção da adutora que vai levar água da barragem de Jacurici a esses municípios nos próximos meses”, conta o parlamentar.
Em seu ofício encaminhado a Bruno Dauster, Eduardo Salles cita ainda a possibilidade de utilização dos 4,5 milhões de metros cúbicos do volume morto da barragem de Ponto Novo, sugere liberar o volume excedente da barragem de Pindobaçu, que ainda não está no alerta 2, para suporte na barragem de Ponto Novo e solicita a revisão de cálculo das cotas de alerta nas duas barragens antes de qualquer decisão de restrição de irrigação.
“Reitero que o abastecimento humano de água é prioridade. Mas acho que precisamos tomar as decisões baseadas em dados mais realistas e condizentes com o histórico hidrológico da região para não acabarmos com o emprego de 6.000 trabalhadores”, disse Salles.
O secretário Bruno Dauster, reunido na quinta-feira passada com a equipe técnica, da qual fazem parte técnicos de diversas secretarias, aceitou a sugestão da manutenção por mais 15 dias das quatro horas diárias para a irrigação.
“Agradeceu a sensibilidade de Bruno Dauster e torço que agora muito que as chuvas cheguem nos próximos dias para resolver esse grave problema”, concluiu Eduardo Salles.

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