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(Divulgação/Facebook) |
Fonte: Veja
Nas redes
sociais, uma calorosa homenagem, acompanhada por fotos de beijos e abraços,
parabenizava o deputado federal Wilson Beserra (PMDB-RJ) pelo seu aniversário
de 47 anos. A publicação foi feita pelo candidato derrotado a um cargo de
vereador na pequena Seropédica, no Rio de Janeiro, Wattyla Felypeck Gabriel
Vicente, o “Cebolinha”. No texto, ele referia-se ao congressista como um “grande
amigo, pai, irmão, parceiro, companheiro”. Menos de 24 horas depois, uma nova
atribuição entrou na lista de referências a Beserra: a de chefe.
Tendo o
ensino médio como escolaridade e a experiência de caminhoneiro como a principal
no currículo, Wattyla Cebolinha conseguiu ser lotado no mais alto nível de
Secretário Parlamentar na Câmara, o 25º, com salário de 7.167,14 reais mensais
– sem as gratificações. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União
(DOU) no último dia 17 de janeiro.
O caso de Wattyla
Cebolinha é emblemático e ilustra as prioridades dos parlamentares em um ano
considerado decisivo para a recuperação econômica do país.
Enquanto o
Congresso retoma os trabalhos com uma vasta agenda de temas complexos e de
impacto direto na sociedade, como a Reforma da Previdência, deputados e
senadores recorrem ao coleguismo para reforçar seu time de assessores. Na lista
estão candidatos a prefeito e a vereador nas últimas eleições que, sem ter
sucesso nas urnas, acabaram fora de postos-chave do poder. Eles sequer devem
comparecer ao Congresso. A prioridade é que atuem nas bases eleitorais.
O deputado
Wilson Beserra afirma que seu novo assessor tem como atribuição atender as
demandas da população no estado. “Além da parte técnica, temos também uma equipe
com pessoas trabalhando nas cidades. Então, geralmente, são pessoas que a gente
já conhece e tem noção do trabalho que fazem e da experiência política que
têm”, justificou.
Situação
semelhante é percebida no Senado. Por apenas 184 votos, o comerciante Luciano
Pamponet de Sousa não conseguiu sentar-se à cadeira de prefeito do município de
Macajuba, no interior da Bahia. Seu principal doador individual na campanha foi
o senador e ex-governador da Bahia Otto Alencar (PSD), que injetou 5.000 reais
no projeto eleitoral de Luciano de Noé, como é conhecido.
Diante da
derrota do correligionário, Alencar continuou dando sua contribuição: contratou
Luciano para um cargo comissionado em seu gabinete. Como ajudante parlamentar,
vai receber 2.347,14 reais por mês, mais gratificações. O senador baiano disse
que o assessor já lhe prestou serviços em outras ocasiões e que vai
acompanhá-lo nas viagens que faz ao interior do estado.
Há casos em
que os laços são ainda mais antigos. O ex-vereador de Sinop (MT) Fernando Assunção,
por exemplo, escreveu sua carreira política caminhando ao lado do deputado
federal Nilson Leitão (PSDB-MT), de quem foi secretário municipal. No ano
passado, estimulado por Leitão, decidiu alçar voos mais altos e concorreu ao
cargo de vice-prefeito do município. Com a chapa derrotada, não ficou sem
emprego: passou a compor os quadros comissionados do deputado mato-grossense.
A reportagem
detectou ainda diversos outros casos de, após fracassarem nas urnas, candidatos
conseguirem emprego no Congresso Nacional.
Exemplos
deles são Ednael Alves de Almeida (PSD), candidato a vereador de Jequié (BA),
empregado no gabinete do deputado Antônio Brito (PSD-BA); Lilia Aparecida
Almeida Maturana (PSD), candidata a prefeita de Jardinópolis (SP), no gabinete
do deputado Walter Ihoshi (PSD-SP); Valdenor Paulo do Nascimento (PSC),
candidato a vereador de Ponta Grossa (PR), no gabinete do deputado Aliel
Machado (Rede-PR); Rosemery Aparecida Lavagnolli Molina (PP), candidata a
prefeita de Flórida (PR), no gabinete do deputado Luiz Nishimori (PR-PR), e
Fernando Messias dos Reis (PROS), candidato a prefeito de Bocaiúva, no gabinete
do deputado George Hilton (PRB-MG).
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