(Foto: Agência Brasil) |
Fonte: Estadão
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Mais de quatro meses
após a apresentação da proposta de reforma da Previdência pelo governo federal,
o relator do projeto na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), deve
apresentar nesta terça-feira (18) seu texto com mudanças que o tornam bem
distante da versão original. As alterações mais recentes foram a redução da
idade mínima para a aposentadoria das mulheres, a inclusão de uma regra de
transição para políticos e a exigência de uma idade mínima para que servidores
públicos que ingressaram até 2003 tenham direito ao benefício integral.
O maior impasse gira em torno da idade mínima para
aposentadoria das mulheres. A bancada feminina na Câmara insistiu em reduzir de
65 anos para 62 anos ou 63 anos. Elas não aceitaram a ideia do presidente
Michel Temer de reduzir o tempo mínimo de contribuição de 25 anos para 23
anos.
Oliveira Maia resolveu ceder e consentiu em reduzir a
idade mínima delas no texto final. A expectativa do relator é sair do café da
manhã marcado para esta terça com o presidente Michel Temer e deputados da base
no Palácio do Alvorada com a definição entre 62 anos ou 63 anos. "Acho que
é muito grande a chance de mudar a idade da mulher".
Outras alterações já
estão claras. A transição para as novas regras de aposentadoria será
escalonada; serão mudadas as regras para acesso ao Benefício de Prestação
Continuada (BPC), destinado aos mais pobres, e para a aposentadoria rural; as
pensões também terão regras diferentes das do projeto original, assim como as
aposentadorias especiais para policiais e professores.
O relator também deve mudar a regra de cálculo do
benefício, reduzindo de 49 anos para 40 anos o tempo necessário para se obter o
valor integral.
Nos últimos dias, as movimentações de parlamentares para
flexibilizar ainda mais o projeto foram intensas, enquanto a equipe econômica
tentava barrar ideias que desidratassem demais a proposta. Mesmo assim,
mudanças de última hora não podem ser descartadas. Há até mesmo a possibilidade
de adiamento do relatório, pelas dificuldades de Maia em fechar o texto do
parecer.
A mais significativa das mudanças é a da regra de
transição, que passou a prever pedágio menor, de 30%, sobre o tempo que falta
de contribuição e a exigência de uma idade mínima. Essa idade mínima sobe ao
longo da transição e tem escalas diferentes para trabalhadores vinculados ao
INSS, servidores públicos e categorias especiais (professores e policiais).
O relator ainda decidiu incluir os políticos com mandato
atual na regra de transição. A ideia é seguir os mesmos moldes da transição
para os servidores públicos, com pedágio de 30% sobre o tempo restante de
contribuição e a previsão de uma idade mínima, que passará dos atuais 60 anos
para os 65 anos ao longo de uma década.
Segundo interlocutores, o relator quer mostrar que os
políticos atuais não estarão livres de seguir regras mais duras. Na proposta
original do governo, a definição da transição para a classe foi delegada a eles
próprios, e não havia prazo determinado para que a formulação do modelo fosse
concluída - até lá, continuariam seguindo as regras atuais de aposentadoria:
idade mínima de 60 anos e tempo de contribuição de 35 anos.
Esse ponto, no entanto, passou a ser muito criticado por
economistas, que viram omissão do governo Temer na hora de apertar as regras
para políticos, como mostrou o Estado.
O governo também apertou as regras de aposentadorias dos
servidores públicos federais. A integralidade da aposentadoria e a paridade
(garantia de reajuste igual ao dos servidores da ativa) para servidores que
ingressaram no funcionalismo antes de 2003 só devem valer para quem esperar a
idade mínima de 65 anos. No caso de policiais, a idade cai para 60 anos. Pelas
regras atuais, todos os servidores que entraram antes de 2003 têm direito à
integralidade e paridade.