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(Foto: Reprodução/Facebook) |
Agências/ Com informações da BBC
Brasil
O
Uruguai está de luto. E em choque. No último sábado, terminaram de forma
trágica as buscas por Felipe Romero, de 10 anos, que foi sequestrado por
Fernando Sierra, técnico do time de futebol no qual o menino jogava e com quem
mantinha uma relação muito próxima, a ponto de ser chamado de pai pelo garoto.
Tão próxima que a psicóloga que tratava o menor, após notar comportamentos
estranhos no garoto, recomendou à mãe de Felipe que Serra deixasse de ver o
menino, segundo reportagem publicada pelo site da BBC Brasil. O caso comoveu o
país. Milhões de pessoas acompanharam atentamente o noticiário sobre o
desaparecimento do garoto.
Sem permissão da mãe,
Sierra foi buscá-lo na escola na quinta-feira. Foi a última vez que se teve
notícia deles - até o sábado, quando os dois foram encontrados sem vida a 150
km de Montevidéu, capital do país. Sierra atirou contra o menino e depois se
matou, segundo confirmou o chefe de polícia da cidade Maldonado, onde os dois
viviam.
De acordo com a imprensa uruguaia, autoridades
responsáveis pelo caso comentaram que a autópsia preliminar do corpo do menino
indicaria sinais de violência sexual "não recentes", mas aguardam o
resultado de um exame mais detalhado para se pronunciar oficialmente.
Unidos pelo futebol
Felipe era filho de um conhecido ex-jogador de futebol, Luis Romero, que era um "pai ausente", segundo disse sua mãe, Alexandra Pérez, ao jornal El País do Uruguai. "Não era tanto assim", refuta sua tia à BBC Mundo.
Felipe era filho de um conhecido ex-jogador de futebol, Luis Romero, que era um "pai ausente", segundo disse sua mãe, Alexandra Pérez, ao jornal El País do Uruguai. "Não era tanto assim", refuta sua tia à BBC Mundo.
Sierra e Felipe se conheceram em 2015, por meio da equipe
infantil do Club Defensor de Maldonado. Sierra era o técnico da equipe em que o
menino jogava. Apesar de Sierra ter ficado a cargo do grupo do qual Felipe
fazia parte por pouco tempo, eles desenvolveram uma relação próxima. "Ele
levava e trazia Felipe dos treinos, das partidas, andavam juntos para todos os
lados, ele o tratava como se fosse seu filho, e Felipe o tratava como se fosse
seu pai. Por mais de uma vez, Felipe o chamou de papai", diz Myriam Sosa,
dirigente do Club Defensor Maldonado responsável pela divisão infantil.
Até sua morte, Sierra ainda trabalhava como técnico. Ele
se apresentava como um "amigo da família" conta Sosa, e, por isso,
ninguém estranhava tanta proximidade entre ele e o garoto. "Fernando
sempre foi uma pessoa tranquila, muito correto, muito educado com os pequenos,
muito respeitoso. Ninguém podia pensar que algo assim aconteceria", diz
Sosa.
Sierra participava de reuniões na escola de Felipe, o
levava e buscava depois das aulas e até mesmo viajou de férias ao Brasil com o
garoto, com a permissão de seus pais. A tia do menino diz que o pai autorizara
a viagem porque a ideia original era que família toda fosse junta - ou seja,
Felipe, sua mãe, sua irmã e Sierra.
'Eu me mato'
O treinador se tornara a figura paterna de Felipe, até que, depois de algumas viagens que fizeram juntos, a psicóloga do menino chamou a mãe do garoto para conversar. "Ela notou sinais de que algo não estava bem com Felipe", contou a mãe do garoto ao El País. Foi recomendado que ela não deixasse mais o menino sozinho com o treinador.
O treinador se tornara a figura paterna de Felipe, até que, depois de algumas viagens que fizeram juntos, a psicóloga do menino chamou a mãe do garoto para conversar. "Ela notou sinais de que algo não estava bem com Felipe", contou a mãe do garoto ao El País. Foi recomendado que ela não deixasse mais o menino sozinho com o treinador.
A mãe de Felipe decidiu confrontar Sierra. Na
quarta-feira, enquanto seu filho treinava, ela chamou Sierra para conversarem a
sós. "Veja bem, Fernando, as psicólogas me alertaram que não pode voltar a
ficar sozinho com Felipe. Entenda como queira. Mas precisa aceitar o que estou
te pedindo. Por favor", disse ela, como relatado ao El País. "Se não
posso mais ver o Felipe, eu me mato", foi a resposta do treinador, segundo
a mãe do menino. Na quinta-feira, ele foi buscá-lo na escola. Ninguém
estranhou, pois era comum.
O pior desfecho
O caso mobilizou o Uruguai. Foram criadas campanhas em redes sociais, e os amigos da família se ofereceram como voluntários para participar das buscas por Felipe. O próprio Ministério do Interior se encarregou de dar a triste notícia. "A busca pelos desaparecidos teve o pior desfecho", comunicou em sua conta no Twitter. "Lamentavelmente, na manhã de hoje, uma equipe localizou em Villa Serrana os corpos sem vida". A notícia deixou a todos na cidade de Maldonado sem chão. "Aqui, todo mundo se conhece. Nunca poderíamos imaginar uma situação assim", diz a tia de Felipe, sem conseguir conter a emoção.
O caso mobilizou o Uruguai. Foram criadas campanhas em redes sociais, e os amigos da família se ofereceram como voluntários para participar das buscas por Felipe. O próprio Ministério do Interior se encarregou de dar a triste notícia. "A busca pelos desaparecidos teve o pior desfecho", comunicou em sua conta no Twitter. "Lamentavelmente, na manhã de hoje, uma equipe localizou em Villa Serrana os corpos sem vida". A notícia deixou a todos na cidade de Maldonado sem chão. "Aqui, todo mundo se conhece. Nunca poderíamos imaginar uma situação assim", diz a tia de Felipe, sem conseguir conter a emoção.
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