Mãe relata tentativa de sequestro da filha em posto de MG: 'Ela não é sua. Ela é branca'

(Foto: Reprodução)

Da Redação (redacao@correio24horas.com.br)

Uma mãe compartilhou uma situação desesperadora que viveu durante uma parada de ônibus em Perdões, Minas Gerais, quando viajava de São Paulo para Belo Horizonte. A história de Jamile Edaes, publicada no Facebook, viralizou e causou indignação. Segundo ela, uma mulher tentou se passar por mãe da sua filha, Manuela, de 1 ano e 5 meses. Coube a Jamile provar que era mãe da própria filha - isso porque ela é negra e a menina branca. 
Jamile conta que aproveitou a parada para ir ao banheiro com a filha. “Na saída, uma moça bonita, com aparentemente uns 30 anos, deu a mão a ela. Achei que ela estava brincando, quando, do nada, essa moça começou a gritar: ‘SOLTA A MINHA FILHA’”, escreveu. Inicialmente sem reação, Jamile tentou pegar a filha no colo e sair do local. Um funcionário chegou perto para saber o que estava acontecendo e a mulher afirmou: "Essa preta roubou a minha filha". O funcionário perguntou o que Jamile fazia com a menina no colo. “Respondi: ‘essa criança é minha filha’. Ele perguntou se eu tinha como provar. Ahn? Como assim, eu ter que provar que minha filha é minha filha? Fiquei desesperada, sem saber o que fazer”, conta.
Nesse momento, a outra mulher apresentou uma certidão dizendo ser da menina e que ela era sua filha. “Vi meu mundo cair. Pegaram minha filha do meu colo e entregaram a ela. A vi andando em direção ao carro com a minha filha no colo. Corri. Chorei. Pedi ajuda e todos falavam: ‘Ela não é sua filha. Ela é branca. Ela não se parece com você. Pelo amor de Deus! Como assim? Minha filha não é minha filha porque eu sou negra? O pai dela é branco e ela realmente se parece mais com ele do que comigo. Me seguraram, quiseram me bater, falaram que eu estava sequestrando uma criança”, contou.
Jamile voltou para o ônibus e pegou o RG e CPF da filha, pedindo que perguntassem que a menina indicasse quem era a mãe. Ela também acionou a polícia. “O motorista do ônibus falou que não iria me esperar, pois tinha horário. Ou eu ficava e fazia o boletim de ocorrência e ficava presa em uma cidade a quilômetros de distância da minha casa ou ia embora com eles. Precisei entrar no Facebook, mostrar fotos grávida, mostrar fotos do hospital, do nascimento dela, para, assim, acreditarem que a menina branca era filha da mulher negra! ABSURDO, PRECONCEITO, DESCASO!!!!! Estou sem acreditar até agora que isso tenha acontecido comigo. Por fim, depois de mostrar nossos documentos e fotos, me ajudaram a pegar a minha filha... E aquela mulher ficou lá gritando e as pessoas que a contiveram ficaram aguardando a chegada da polícia. Eu vim embora com uma sensação horrível de que isso ainda vai acontecer muitas e muitas vezes. Por causa do racismo e preconceito quase eu perco a minha filha”, escreveu.

A assessoria de imprensa da Polícia Civil de Minas informou à Revista Crescer que o caso está sendo investigado, com ajuda de câmeras de segurança e testemunhas. Com a repercussão do caso, Jamile desabilitou seu Facebook.

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