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Por Alana Ambrosio/CBN
Os dias em que
você vai ouvir preços diferentes na porta da balada estão contados. A partir do
mês que vem, nada de homem pagar a mais pra curtir a noite em casas noturnas,
bares e até comer em restaurantes.
Uma
determinação do Ministério da Justiça considerou isso ilegal. O motivo é
simples: quando as mulheres pagam menos, pode até parecer vantagem, mas não é.
Porque elas são usadas como estratégia de marketing pra atrair os homens aos
estabelecimentos. É isso o que avalia o ministério.
Para a pasta,
essa é uma prática comercial abusiva e uma afronta à dignidade do público
feminino, que acaba colocado em situação de inferioridade.
E tem bastante
lugar que nem vai precisar mudar nada, porque já iguala a cobrança entre
gêneros. Principalmente quando o público alvo é LGBT. Apesar de ser
heterossexual, Isabella Bertoluci sempre procura por esse tipo de lugar na hora
de sair com os amigos e explica por quê se sente mais a vontade:
'Pagar menos
quer dizer que vai mais mulher e usam como uma isca. Por causa disso, acho que
não consigo sentir atração por uma balada assim.'
Ainda que a
proibição da cobrança diferenciada seja um avanço sob muitos aspectos, Rafaela
Carvalho trouxe mais um ponto para apimentar a discussão sobre o tema: o de que
as mulheres têm salários menores do que os homens e isso poderia justificar os
valores mais baixos para o público feminino:
'Proibição é
um pouco esquisita, já que mulheres ganham menos do que os homens, em geral.
Então vamos pagar mais, mesmo ganhado menos. Não tenho uma opinião formada.'
Uma pesquisa
salarial feita em março deste ano pela Catho aponta que mulheres ganham menos
do que os homens em todos os cargos. Os dados do IBGE, refletem isso: enquanto
eles ganham, em média, R$ 2.251, elas recebem R$ 1.762, uma diferença de R$
489.
A questão do
preço diferente com base no sexo não é a única forma de os estabelecimentos
usarem as mulheres. Manuela Spindola conta que já foi em balada que analisa até
o perfil na rede social pra escolher quais meninas podem ou não frequentar o
local:
'Critério de
escolher quais são as pessoas que entram na lista é pelo perfil do Instagram.
Não pode ser fechado, tem que abrir. Ou por beleza ou por número de seguidores,
eles determinam quem entra na lista ou não. Já vi grupos de quatro ou cinco
amigas e três entrarem na lista, mas duas não. Por não chegarem aos critérios
que eles estabeleciam.'
As casas noturnas, bares e restaurantes têm um mês para
se adequar à determinação do Ministério da Justiça. A partir de agosto, o
consumidor poderá exigir na porta pagar o menor valor, caso ainda haja
diferenciação. E se o estabelecimento se recusar pode acabar autuado.