Foto: Reprodução/Internet |
Por: Maurício Martins/ A
Tribuna
A taxa de suicídio por
100 mil habitantes foi de 4,33, em 2005, para 5,72, em 2015 (última contagem
disponível), na Baixada Santista, segundo dados da Fundação Seade. Nesses 10
anos, o número de mortes subiu de 68 para 100. O índice é maior do que o verificado
no Estado de São Paulo, que subiu de 4,12 (1.615) para 5,56 (2.393) na
década.
A quantidade de pessoas que tiram a própria vida vem
crescendo ao longo dos anos em todo o Brasil. Números do Ministério da Saúde
mostram que são 32 brasileiros mortos por dia, total superior ao de vítimas da
Aids e da maioria dos tipos de câncer. Para especialistas, nove em cada 10
casos poderiam ser evitados com encaminhamento correto ao tratamento.
Segundo especialistas, os idosos ainda estão em maior
número entre os que tiram a própria vida no País. Mas a proporção de jovens vem
crescendo aceleradamente. Dados do Mapa da Violência mostram que os suicídios
aumentaram 33% nos últimos 10 anos entre pessoas de 15 a 29 anos. Em 2014,
foram 2.898 casos de pessoas desta faixa etária. Outras 146 cometeram suicídio
antes dos 15 anos.
Para o renomado psiquiatra paulistano Guido Palomba, a
questão está sempre relacionada a uma mente perturbada, que precisa de
acompanhamento e tratamento. “É sempre um transtorno mental, não existe suicídio
em mente normal. Porque o instinto mais forte e primário do ser humano é o de
preservação (da vida). Quando você se volta contra esse instinto, você está
sempre doente”.
Campanha
Justamente com o objetivo de reverter o aumento crescente
das mortes surgiu no Brasil, em 2014, o Setembro Amarelo,
mês dedicado à prevenção ao suicídio. Iniciada pelo Centro de Valorização da
Vida (CVV), com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha aborda a tentativa e a
concretização do ato de se matar como um problema de saúde pública.
A psicóloga Elis Cornejo, pesquisadora no Instituto Vita
Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, de São Paulo, explica que a
iniciativa já existe desde 2003 em outros países, pela Associação Internacional
para a Prevenção do Suicídio e Organização Mundial de Saúde (OMS). “A campanha
é importante para a conscientização da população a respeito do problema de
saúde, pública que é o suicídio, no Brasil e no mundo, e quais são as formas de
preveni-lo”.
Para ela, falar de suicídio é uma forma de quebrar o tabu
sobre o tema. “A OMS estima que cerca de um milhão de pessoas se suicidam por
ano no mundo. A prevenção depende de cada caso, mas como suicídio é uma
expressão de sofrimento, podemos traçar algumas diretrizes, como identificar
algum transtorno mental. Hoje, sabemos que a depressão está associada ao
suicídio. Prevenir é trazer qualidade de vida para a pessoa”, destaca
Elis.
Mestre em Ensino em Ciências da Saúde, a psicóloga
Luciana Cescon ressalta que o tema não pode ser silenciado. “Estudos sobre
prevenção de suicídio apontam que falarmos sobre sinais de alerta e onde buscar
ajuda é essencial para diminuir o número de mortes. O estigma de ver o suicídio
como pecado, loucura ou covardia muitas vezes impede que quem está pensando
nessa possibilidade possa falar sobre isso e receber apoio especializado”.
Tópicos:
SETEMBRO AMARELO