Pesquisa mostra como o suicídio é tratado nas redes sociais

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Fonte: Metrópoles 

Como parte da mobilização do Setembro Amarelo, que alerta sobre o combate ao suicídio, a agência nova/sb divulgou um estudo sobre o comportamento do internauta brasileiro sobre o assunto. O dossiê, publicado nesta segunda-feira (4/9), encontrou 1.230.197 menções a suicídio entre abril e maio de 2017 no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 pessoas cometem suicídio por dia no Brasil e, para cada caso, são pelo menos outras 20 tentativas. O número, além de mostrar um crescimento em comparação aos últimos anos, deixa o país na oitava posição mundial do ranking que mede a quantidade de pessoas que decide tirar a própria vida. Com esses dados em vista, a nova/sb resolveu, por meio do projeto Comunica que Muda, pesquisar o que as pessoas falam nas redes sociais sobre suicídio.
“Desde o final de 2015 estamos monitorando e estudando​ nas redes sociais alguns temas tabus para a sociedade brasileira: uso do carro, lixo, maconha, intolerância e, agora, suicídio. Escolhemos esse como um dos temas pela relevância na vida real. A própria OMS escolheu a depressão e o suicídio como temas de 2017”, explica Bia Pereira, coordenadora do projeto.

O estudo detectou que a maior parte das menções aconteceu no Rio de Janeiro, com 27,5%, seguido de São Paulo (17,9%) e Minas Gerais (9,9%), e que a rede social com mais menções ao suicídio foi o Twitter (94,2%), seguida pelo Facebook (5%). A explicação encontrada é que o Twitter tem menos relação com amigos e família e os usuários se sentem mais à vontade para falar de temas sensíveis.


No período pesquisado, a série 13 Reasons Why, da Netflix, e o jogo virtual Baleia Azul foram bastante citados, com 26,6% e 59,9%, respectivamente. As menções sobre depressão (7,7%) e intolerância (4,1%) completam o ranking.
Quando se presta atenção no que é dito, o dossiê descobriu que as piadas são maioria (34,2%), seguidas de opiniões (24,4%), citações (22,1%), notícias (7,5%), relatos (6,3%) e depoimentos (5,5%). Mas a maioria dos comentários fala do suicídio de forma impessoal — as falas costumam ser neutras (52,8%) ou positivas (28,8%).
Mas, segundo a coordenadora, é interessante prestar atenção nas menções negativas sobre o assunto. São mensagens preconceituosas, que reforçam o tabu, incentivam o suicídio ou demonstram falta de conscientização.
Na avaliação de Bia Pereira, os números mostram que é preciso, mais do que nunca, conversar sobre o suicídio. “Devemos colocar o tema em debate, jogar luz​ para as discussões​. O assunto é completamente tabu e tratado perifericamente nas redes. Constatamos isso no levantamento que resultou no nosso dossiê. Sem um debate sério, informativo, as pessoas falam do suicídio, mas de maneira banalizada”, explica. Ela defende que a comunicação é muito importante e pode mudar comportamentos: a conscientização da prevenção do HIV e os riscos do cigarro são bons exemplos.

Número que só cresce
Segundo dados do Mapa da Violência, são os idosos os que mais cometem suicídio no país. São oito casos para cada 100 mil habitantes e 70% das mortes ocorrem devido à depressão. As taxas crescem também entre jovens e o mesmo levantamento explica que o suicídio já mata mais do que acidentes de trânsito (24,5%) e homicídios (2,1%).

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