Foto: Reprodução/Informe Baiano |
Ribeirinhos
de Ponto Novo, Filadélfia, Itiúba, cidades da região do centro norte baiano,
estiveram na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) nesta segunda (02), onde
participaram da audiência pública com o tema “Revitalização do Rio São
Francisco – O Velho Chico clama por socorro”, promovido pela Comissão de Meio
Ambiente, Seca e Recursos Hídricos.
Em
entrevista ao Informe Baiano, Artur Paiva que já foi vice-prefeito de Ponto
Novo, afirmou que “houve um crescimento substancial da Barragem de Ponto Novo,
que hoje está com quase 60 por cento”. Apesar do cenário positivo, as comportas
continuam fechadas e a água não é liberada para as comunidades.
“O Rio Itapicuru, grande manancial que atende essas
comunidades ribeirinhas, está lacrado a Barragem de Ponto Novo. Abaixo da
Barragem de Ponto Novo, tem diversos consumidores. A gente veio tentar, através
da Comissão, tentar sensibilizar o governador. Já houve diversos protestos,
pessoal já foi até a barragem e já tentou retirar os equipamentos. Já tivemos
audiência na Casa Civil, mas até o momento a água não foi liberada”, contou
Artur Paiva.
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Ainda de
acordo com Artur, “existe um excesso de cautela”. “Quando foi lacrada a
barragem tinha baixado o nível. Hoje, ocorreram chuvas favoráveis e não foram
chuvas previstas. Houve um crescimento substancial da Barragem de Ponto Novo,
que hoje está com quase 60 por cento. A Barragem de Pindobaçu e a do Aipim
estão extravasando. Não existe motivo para que se suspenda a vazão ecológica.
Quando iniciou a crise o que tinha acumulado nessas três barragens eram 18
milhões de metro cúbicos. Hoje tem 43 milhões de metro cúbicos. Não justifica
ficar mantendo essa água sem consumo”, opinou.
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Reunião na Comissão
O encontro foi proposto pelo deputado Zó (PC do B) e
conduzido pelo deputado Fábio Souto (DEM) presidente do colegiado. “Precisamos
fortalecer com urgência nosso posicionamento em defesa do rio. Ele não pode
mais aguardar um minuto para ser revitalizado”, afirmou Fábio Souto.
Segundo o
deputado democrata, foram feitos compromissos nos governos Lula, Dilma e agora
Temer em relação à revitalização do rio e que os recursos que conseguiram
chegar após todos os contingenciamentos não são suficientes nem para começar o
grande trabalho de recuperação. “Estamos vivendo uma situação inédita em que
40% dos afluentes do rio estão mortos e o oceano está invadindo a foz,
avançando 40 km pelo continente”, informou o deputado.
Souto contou que sempre foi contra a transposição do São
Francisco porque “sabia que daria nisso” e que acha “um absurdo o governo
federal colocar mais dinheiro na transposição antes da recuperação. O governo
que está aí tem que ter essa sensibilidade”, afirmou o deputado.
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União
O proponente da audiência publica deputado estadual Zó
(PCdoB) elogiou o comportamento dos outros membros da Comissão do Meio Ambiente
da Alba na defesa do Rio São Francisco. “É como se tivessem nascido na beira do
rio, como alguns de nós aqui presentes”, afirmou. Ele reiterou que sempre está
em pauta que recursos para a revitalização do rio foram aportados. “Os recursos
para recuperação ambiental são contingenciados, o que estamos assistindo é uma
tragédia anunciada”.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia
Legislativa de Pernambuco, deputado estadual José Maurício, saudou a mesa e os
baianos, ressaltando que a união dos cinco estados banhados pelo rio é
imprescindível. O deputado salientou que é preocupante os comentários sobre a
privatização da Chesf. “Estão pensando nos resultados financeiros para só
depois levar em consideração os elementos sociais e a recuperação do rio”,
disse.
Empregos
Já o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do São
Francisco na Assembleia Legislativa da Pernambuco, deputado estadual Odacy
Amorim, ressaltou que o encontro fortalece a união dos legislativos em defesa
do rio. Segundo o parlamentar, o vale do São Francisco gera mais empregos que o
ABC Paulista “Quase todos os rios de Pernambuco estão sendo assassinados, o
Capiberibe e outros rios do Agreste estão sumindo também porque existe a ilusão
de que mesmo se esses rios secarem sempre haverá o São Francisco. Mas nem ele
está sendo poupado”, disse Amorim.
O deputado, que também se diz contra a privatização da
Chesf, contou que mesmo na nascente do rio estão acontecendo problemas. Está
chovendo constantemente mas a água está descendo barrenta pelos veios das
fontes. “Além da recuperação de matas ciliares e redução do assoreamento, é
necessário também um controle de vazão das barragens. A geração de energia não
é prioridade e sim o consumo humano. Temos que reservar água”, completou o
deputado
Participaram também do evento os deputados estaduais
Luciano Simões (PMDB), Eduardo Salles (PP) e Aderbal Caldas (PP),
representantes de ONG´s e ribeirinhos.