![]() |
(Agência Brasil/Arquivo |
Fonte:
Correio 24h
Com 136 maternidades participantes, a Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) inicia em janeiro a segunda etapa da Campanha Parto
Adequado. A meta é reduzir o número de cesarianas desnecessárias, ou seja, que
não tenham indicação clínica e sejam feitas apenas por conveniência das partes
envolvidas, podendo, inclusive, causar prejuízos à saúde do bebê. No ano
passado, 35 maternidades fizeram parte da primeira fase da campanha.
O projeto é desenvolvido em parceria com o Hospital
Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement. Sessenta e
oito operadoras de planos de saúde manifestaram interesse em apoiar o projeto.
Segundo o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS,
Rodrigo Aguiar, no período de festas de fim de ano, o problema das cesarianas
desnecessárias agrava-se um pouco. “Por conta das festas, a tendência é haver
uma antecipação da data do parto, e o agendamento em períodos que variam entre
uma a duas semanas da data adequada para que o parto fosse realizado.”
Rodrigo Aguiar disse que a antecipação do parto pode causar
consequências negativas para a saúde da mãe e, principalmente, do bebê. Entre
os problemas mais frequentes, o médico destacou as complicações respiratórias,
considerando que o recém-nascido não está com o sistema respiratório
amadurecido o suficiente para lidar com o mundo exterior.
Por causa disso, aumenta a incidência de internações em
unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatais, o que afasta o bebê da mãe nos
primeiros dias de vida. “Só essas duas consequências já são suficientes para a
gente desincentivar essa prática”, disse o diretor da ANS.
Quando o parto ocorre de forma natural, há uma série de
benefícios para o bebê. Além da relação mais aproximada que já se estabelece
com a mãe, Rodrigo Aguiar ressaltou que existe uma indução muito maior ao
aleitamento materno. “A mãe produz melhor o leite, e o bebê recebe, aceita e
absorve melhor aquele leite”.
A criança nascida de parto normal consegue também se
preparar melhor para se adaptar ao mundo externo, com maior amadurecimento do
pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, reduzindo a incidência de
doenças infantis, acrescentou o médico. Ele lembrou que há ainda uma
recuperação mais rápida do útero e do corpo da mulher.
Dados
Na primeira fase da campanha, denominada fase “piloto”, os
hospitais participantes conseguiram evitar a realização de 10 mil cesarianas
desnecessárias. O número de partos normais cresceu 76%, ou o equivalente a 16
pontos percentuais, passando de 21%, em 2014, para 37%, em 2016.
Ocorreram avanços também em outros indicadores de saúde,
disse Rodrigo Aguiar. Ele citou a redução do número de entradas em UTI neonatal
em 14 dos 35 hospitais que participaram da campanha – as internações as
passaram de 86 por mil nascidos vivos para 69 por mil nascidos vivos.
Com a adesão de mais maternidades ao projeto, Aguiar espera
“resultados bem mais significativos” na segunda fase. Ele informou que, no
momento, os hospitais que aderiram à campanha estão passando por uma
aprendizagem presencial, em que são treinados para melhor organizar sua
estrutura de parto para que eles se deem de forma natural. “Acreditamos que,
até o final do ano [de 2018], consiga apresentar os resultados”.