Michael Melo/Metrópoles
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A
força-tarefa da Operação Lava Jato pediu ao juiz federal Sérgio Moro que a
Polícia Federal investigue as novas revelações do empreiteiro Gerson de Melo
Almada, ligado à Engevix. A manifestação do Ministério Público Federal foi
protocolada no dia 19 de dezembro. Em depoimento prestado em julho deste ano,
com sigilo levantado em 1º de dezembro, Almada disse saber de uma suposta conta
em Madri, administrada pelo lobista Milton Pascowitch, abastecida por propinas
de contratos da Petrobras. Os beneficiários da conta seriam o ex-presidente
Luiz Inácio Lula e o ex-ministro José Dirceu.
O depoimento do
empreiteiro foi anexado à denúncia do Ministério Público Federal sobre propinas
de R$ 2,4 milhões das empreiteiras Engevix e UTC para Dirceu (ministro da Casa
Civil do governo Lula). O petista teria recebido os valores durante e depois do
julgamento do mensalão – ação penal em que Dirceu foi condenado a 7 anos e onze
meses.
Gerson Almada declarou
ter feito contratos “dissimulados” com o fim de pagar supostas vantagens
indevidas a Dirceu. No mesmo depoimento, Almada confessou que firmou “contratos
dissimulados” com a empresa de comunicação Entrelinhas com o fim de pagar
propinas a Dirceu.
O empreiteiro afirmou
que “o objeto dos contratos, anexados aos autos, nunca foi prestado à Engevix e
que, mediante o fornecimento das notas fiscais pela Entrelinhas, a empreiteira
pagou de 2011 a 2012, o valor de R$ 900 mil”.
Na manifestação enviada
em 19 de dezembro, o Ministério Público Federal afirmou que as novas
declarações de Gerson Almada “não possuem o condão de desconstruir a narrativa
edificada na denúncia”.
“Ao contrário, em
verdade, no que respeita ao presente feito, as circunstâncias por ele
apresentadas apenas corroboram os fatos narrados na exordial acusatória, os
quais, oportunamente, serão devidamente demonstrados de forma cabal no decorrer
da instrução criminal”, anotou a força-tarefa.
“Especificamente quanto
aos novos fatos trazidos por Gerson Almada, requer este órgão ministerial seja
o Departamento de Polícia Federal intimado a fim de que proceda à instauração
de inquérito policial para a sua apuração, instruindo-o, desde logo, com os
depoimentos e documentos trazidos pelo representante da Engevix, assim como
pela declaração de Milton Pascowitch ora encartada aos autos”, solicitou a
Procuradoria da República, no Paraná.
Defesas
Quando as informações
sobre as novas declarações de Almada foram publicadas, no início de dezembro,
os citados se manifestaram desta forma:
“Essa é mais uma peça de
ficção que integra o sistema de delações premiadas a ‘la carte’ que vem se
tornando uma marca da Operação Lava Jato. Para obter benefícios, réus confessos
precisam se referir a pessoas preestabelecidas pelos integrantes da operação,
em especial, o ex-Presidente Lula. Lula. jamais recebeu qualquer valor indevido
da Engevix ou de qualquer outra empresa e empresário. O próprio depoente
reconheceu que não tem qualquer prova contra o ex-Presidente, deixando evidente
que a referência ao seu nome foi artificialmente construída para que a sua
delação fosse aceita é mantida”, disse o advogado Cristiano Zanin Martins, que
defende Lula.
O advogado Roberto
Podval, que defende José Dirceu, se manifestou da seguinte forma: “Vou ter
acesso ao depoimento ainda, mas, se for verdade, a colaboração de Milton
Pascowitch deve ser revista”.
“Nenhum sentido. Em seu
próprio depoimento, Almada afirma não ter prova do que diz”, disse, por sua
vez, o advogado Théo Dias, defensor de Pascowitch. A reportagem está tentando
contato com a Entrelinhas. O espaço está aberto para manifestação da empresa de
comunicação.