Saiba quais doenças são mais comuns durante o Verão

(Foto: Antonio Saturnino/Arquivo CORREIO)
Fonte: Correio 24h

Pleno Verão, sol a pino, e a estudante Luciane Fortaleza Souto, 17 anos, curtia uma das praias de Ilhéus, no Sul do estado, quando sentiu uma coceira incomum no pé direito. Era o famoso bicho-de-porco, ou bicho-de-pé, uma das doenças que mais afetam a pele nessa época, e que viraram motivo de preocupação para a moça no meio da diversão, há dois anos.
“Quando eu fui ver, já estava meio dolorido, coçava muito. É até gostosinha a coceira, mas parece que não passa. Quanto mais coça, mais dá vontade de coçar. Minha mãe que tirou com uma agulha de costurar roupa, não doeu muito”, contou.
Mas o bicho-de-pé não é a única doença ou infecção que aumenta nessa época. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a lista é extensa: tem a acne solar, a fitofotomelanose (manchas causadas na pele por limão e exposição ao sol), a foliculite, o furúnculo, a herpes labial, a milária (ou brotoeja), a pitríase versocolor (famosa micose de praia ou pano branco) e a tínea cruris (micose da virilha).

No caso do bicho-de-pé que atacou a estudante, ele é resultado de uma infecção causada por uma pulga chamada pela ciência de Tunga penetrans, que se infiltra na pele e nela vive por semanas, o que gera inflamações, coceira e dor. Quem explica é a médica dermatologista Aleksana Viana. S egundo ela, essa pulga é um parasita e deve ser tirado, de preferência, em um posto de saúde, com o uso de agulha esterilizada. Ou seja, a mãe de Luciane podia ter causado um problema maior ao colocar o dedo, ou melhor, a agulha de costura na ferida.

Limão na praia é sinal de perigo: contato pode causar fitofotomelanose, reação alérgica que mancha a pele (Foto: Arquivo CORREIO)

Primeiros sinais
Ainda segundo Aleksana, os primeiros sintomas são vermelhidão, coceira e erupção da pele com a pontinha preta ao meio. O parasita está presente não só na areia da praia, mas em locais de terra ou arenosos com pouca luminosidade, como próximos a jardins e quintais. A pulga mede cerca de 1 mm e pode, também, estar nos pelos de cães e ratos, se alimentando do sangue.
Quando a fêmea está cheia de ovos, ela busca penetrar na pele de hospedeiros, como o porco ou as pessoas, onde fica infiltrada, deixando a parte posterior para fora, que dá origem ao ponto preto da lesão, para poder eliminar os ovos e as fezes.
Durante este período, que dura entre duas e três semanas, a fêmea pode atingir o tamanho de uma ervilha devido ao desenvolvimento dos ovos, que vão sendo liberados para o exterior. Após isto, o inseto morre, a carapaça é expelida e a pele volta a cicatrizar, e os ovos depositados no ambiente tornam-se larvas em três a quatro dias, que irão crescer e virar novas pulgas que podem voltar a infectar mais pessoas.
A recomendação para evitar o problema é andar calçado.
Locais de risco
De acordo com a SBD, as doenças mais comuns do Verão aparecem, sobretudo, em praias, piscinas, parques, clubes e rios, e quase todas são decorrentes do clima quente. É que o calor e o aumento do suor favorecem o desenvolvimento de microorganismos, como fungos e bactérias, facilitando o surgimento de infecções da pele.
Fezes de cães e gatos nas areias das praias causam, por exemplo, o “bicho geográfico”. Médica dermatologista da SBD, Daniela Ventin Prates Rezende informou que o bicho geográfico é uma infecção causada pelo parasita Larva migrans que, normalmente, surge quando se anda descalço em locais que possam conter restos de fezes de animais, como areais ou campos, por exemplo.
Muitas pessoas confundem o problema com o bicho-de-pé por no início a pele ficar elevada e com vermelhidão. O bicho geográfico tem esse nome porque no pé ele fica parecendo um mapa.

Ajuda médica

“Nos dois casos, o correto é procurar um posto de saúde porque há o tratamento adequado para cada situação”, disse a médica Daniela, segundo a qual é preciso ter o cuidado correto também em caso de queimadura da pele por ‘água-viva’, um animal marinho também conhecido como medusa.
“O correto, em caso de a pele ser atingida por uma água-viva é tentar tirar ela toda ainda dentro da água, pois sai mais fácil. Não pode deixar para tirar fora e jogar outros produtos, pois a queimadura pode ser maior e chegar até a uma lesão de segundo grau”, completou Daniela.
A médica disse que é preciso cuidado na exposição ao sol após o manuseio com frutas ácidas, como limão, que, em contato com o sol, causa reação e queima a pele, deixando manchas escuras.
Conheças as principais doenças do Verão e veja como lidar com elas:
Acne solar
O que é: Erupção que atinge principalmente o tronco e a raiz dos membros superiores e que surge dias após a exposição intensa da pele ao sol
Como prevenir:  Utilizando filtros solares, de preferência com base não oleosa (oil free), aplicados antes e durante A exposição ao sol
Como tratar:  Através de medicação indicada por dermatologista. São comuns esfoliantes e antibióticos em loção ou gel, quando há inflamação
Bicho-de-pé
O que é: Também conhecido como bicho-de-porco, é um pequeno parasita que entra na pele, quase sempre nos pés
Como prevenir: Não andar descalço em solos com areia ou lama, e não pisar em locais com lixo e pouco saneamento
Como tratar:  Retirada do parasita com agulha cortante ou bisturi, num posto de saúde, onde os materiais são esterelizados. Médicos podem indicar remédios/pomadas, principalmente se o parasita se espalhar pelo corpo
Bicho geográfico
O que é: Causada pela entrada de parasitas através de feridas ou cortes na pele, com sintomas como coceira e vermelhidão.
Como prevenir:  Não andar descalço em locais que tenham cães e gatos, e recolher as fezes deles para que elas não contaminem o solo.
Como tratar:  Com orientação de um dermatologista, são indicados pomadas ou comprimidos.
Fitofotomelanose
O que é:   Manchas na pele causadas por manifestação alérgica causada pela exposição da pele ao sol ou contato com plantas ou mesmo suco de algumas frutas ‘ácidas’ como limão, laranja ou tangerina.
Como prevenir:  Usar filtro solar; evitar colocar perfume para ir à praia ou mexer com frutas cítricas, fazer ou beber limonadas, sucos, caipirinhas e se expor ao sol em seguida. 
Como tratar:  Desaparecimento de manchas ocorre de forma espontânea e gradativa, mas despigmentantes podem ser utilizados para acelerar o processo. Reações mais intensas podem exigir uso de remédios indicados por dermatologista.
Foliculite
 O que é:  Infecção de um ou mais bulbos em que o cabelo cresce (folículos); pêlo encravado.
Como prevenir:  Evite raspar a área afetada, pois a depilação pode irritar a pele.
Como tratar: Os casos leves costumam se resolver por conta própria, mas nos mais graves podem ser indicados antibióticos ou outros medicamentos por médico.
Furúnculo
O que é: Inflamação do folículo piloso (orifício por onde sai o pêlo), causada por bactéria, é potencializada por conta da transpiração do corpo. 
Como prevenir:  Lavar com frequência as mãos, rosto e outros partes onde ocorrem maior transpiração; usar roupas de algodão, que facilitam a transpiração.
Como tratar:  Antibióticos ou pomadas, ou ainda vacina antibacteriana, todos indicados por médico.
Miliária/brotoeja
O que é:  Inflamação na pele causada pelo bloqueio dos poros e acúmulo de suor.
Como prevenir:  Evitar locais quentes e exposição solar ou que provoquem sudorese abundante.
Como tratar:  A brotoeja geralmente desaparece sozinha. Ambientes ventilados e roupas leves ajudam.
Pitiríase versicolor (Micose de praia)
 O que é: Infecção fúngica que provoca pequenas manchas descoloridas na pele.
Como prevenir:  Evitar exposição ao sol e ambientes quentes, além de usar roupas de algodão.
Como tratar:  Cremes, loções ou xampus antifúngicos.
Tínea cruris (Micose da virilha)
O que é:  Infecção causada por fungo na pele dos órgãos genitais, do interior das coxas e das nádegas.
Como prevenir:  Manter a região seca, limpa e bem arejada.
Como tratar:  Deixar área da virilha limpa e seca; aplicar medicamentos antifúngicos.
***
Além de doenças comuns, calor da estação pode levar à morte
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) orienta que as pessoas usem filtro solar de acordo com a cor da pele. Como a melanina é mais presente em pessoas de pele mais escura, o risco de ter problemas por causa da incidência do sol é maior em pessoas brancas.
“Pessoas de pele negra ou parda podem usar filtros solares com fator 30, por exemplo, mas nunca abaixo disso, pois podem ter problemas. Já as que têm a pele um pouco mais clara, pessoas brancas, devem usar filtro fator acima de 50”, disse o médico da SBD, Curt Treu.
Outra recomendação é com relação ao uso de roupas que também protegem a pele, servindo como filtro. “Elas realmente protegem, mas as pessoas esquecem de que outras partes, como pés e rosto ficam de fora. Atendo vários casos de queimadura nos pés, por exemplo”, completou o dermatologista.
A SBD também lembra que o sol causa câncer da pele, tumor maligno mais frequente da humanidade, que pode levar à morte. Os diferentes subtipos de câncer da pele apresentam características clínicas próprias e particularidades quanto aos fatores de risco.
De forma geral, os indivíduos mais suscetíveis ao desenvolvimento desses tumores são aqueles de pele clara, acima dos 50 anos, com certas doenças que levam à depressão da imunidade, história familiar de câncer da pele, ou que se expõem ao sol de forma intensa e desprotegida.
Por essa razão, a SBD recomenda além da vigilância quanto a alterações da pele, atitudes que minimizem a intensidade de exposição ao sol, como o conhecimento dos horários de maior intensidade de radiação solar (10-15h), o índice ultravioleta da sua região, o uso de roupas e chapéus que protejam da irradiação direta do sol e, nas áreas descobertas da pele, o uso do filtro solar.
A adoção de práticas que minimizem a intensidade da exposição solar reduz em até 50% a chance de desenvolver um câncer da pele em indivíduos de risco (que se expõem mais à radiação), sendo considerados equipamentos de proteção individual obrigatórios em profissões expostas ao sol.
As radiações ultravioletas oriundas do sol, além de promover o câncer, favorecem queimaduras solares, catarata, degeneração da retina, manchas, alterações na espessura e enrugamento da pele.
As estratégias de proteção solar previnem de forma eficiente todos esses processos. A SBD orienta que a educação ligada à exposição solar seja incentivada desde a infância.
No Brasil, a produção e comercialização dos filtros solares é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprovou o uso de 33 ativos para a composição dos produtos baseada em estudos de segurança e eficácia.
Nenhum desses ativos, até o momento, demonstrou em humanos risco de câncer ou ganho de peso.

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