Foto: Divulgação/ Dnit |
Mário
Bittencourt/Correio24h
O entregador de pães Gilmagno da Conceição Matos, 42 anos,
tinha acabado de sair de uma fazenda às margens da BR-101, na noite de 24 de
janeiro de 2017, e circulava de moto, na contramão, pelo acostamento quase
inexistente da rodovia, quando foi atingido por um carro de passeio que o matou
na hora. O acidente ocorreu próximo a Buerarema, no Sul da Bahia, um dos trechos
mais movimentados da BR-101.
Já neste ano, também no Sul do estado, na 101, um carro
Classic bateu de frente com um ônibus que seguia de Garanhuns (PE) para o Rio
de Janeiro, na altura de Itabuna, no último domingo (14). Segundo a Polícia
Rodoviária Federal (PRF), o motorista do carro tentou fazer uma ultrapassagem
proibida. Resultado: ele morreu na hora e outras 14 pessoas ficaram feridas. O
último paciente internado teve alta nesta segunda-feira (16).
Foto: Pimenta Blog |
Com 156 mortes em 2017, a BR-101 é a que mais teve
acidentes com vítimas fatais no ranking das rodovias federais e estaduais na
Bahia, no ano passado. Os trechos mais perigosos, segundo a PRF, são na divisa
entre Espírito Santo e Bahia, no Km 957, até Itamaraju (Km 806), passando por
Teixeira de Freitas (Km 880); o trecho iniciado no Km 793, em Itamaraju, até o
717, em Eunápolis, passando por Itabela (Km 745) e Itagimirim (Km 702).
Outros trechos que concentram mais acidentes são a cidade
de Itapebi, na altura do Km 660; Santo Antônio de Jesus, no Km 180; e Itabuna,
no Km 505.
Depois da 101, a rodovia que ocupa o segundo lugar no
número de mortes é a BR-116, com 147 registros. Ambas recebem cerca de 5 mil
veículos diariamente. A 116 – administrada pela concessionária Via Bahia – é
mais bem conservada e possui menos curvas perigosas, segundo a PRF. Já a 101,
líder do ranking, administrada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Trânsito (Dnit), é toda em pista simples, mais precária e próxima do litoral,
onde chove mais, o que dificulta a visibilidade dos motoristas e deixa a pista
escorregadia.
Além da 101 e da 116, a BR-324 registrou 57 mortes em 2017,
seguida pelas BRs 242 (51 vítimas fatais) e a 110, onde 43 pessoas morreram.
Estatisticamente, o tipo de acidente que mais deixa vítimas fatais é a colisão
frontal, afirma a PRF, em nota. Foi o que aconteceu em Itabuna, no domingo.
Arte: CORREIO |
Estradas
estaduais
No ranking das cinco estradas estaduais que mais mataram em
2017, informado pela Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra), a que
lidera, com 31 mortes, é a BA-099, conhecida como Estrada do Coco, entre Lauro
de Freitas e o Litoral Norte. Em seguida, vêm as BAs 001 (29 mortes), 130 (19)
e a 052 e a 120, ambas com 17 mortes em 2017.
No total, 880 pessoas morreram nas estradas baianas em
2017, a maioria delas nas rodovias federais: 575. O número, porém, vem
reduzindo nas BRs desde 2012, quando foram registradas 849 mortes nas federais.
Foram 4.269 vítimas fatais de 2012 a 2017 nas rodovias federais. No mesmo
período, nas estradas estaduais, houve 1.955 mortes.
Razões
“Embora apareça na nona posição entre as ocorrências mais
frequentes, a colisão frontal é a primeira em número de vítimas fatais. Por
isso, as ultrapassagens irregulares são práticas fiscalizadas intensamente pela
PRF e devem ser evitadas pelos motoristas”, explica a nota da PRF.
Outras causas importantes vitimam um número expressivo de
pessoas, como a saída de pista provocada pelo excesso de velocidade, as
colisões traseiras, laterais e transversais causadas pela falta de atenção em
conversões, cruzamentos e mudanças de direção.
Acidentes com motocicletas, como o que matou Gilmagno há 1
ano, também contribuem para o número de mortes nas rodovias, destaca a PRF,
segundo a qual o não uso de equipamentos de segurança, sobretudo capacete, o
excesso de passageiros e a inobservância das regras de trânsito são fatores que
contribuem para as mortes.
“A falta de atenção é a maior causadora de ocorrências,
respondendo por 70% dos registros”, destacou a Seinfra, em nota.
Segundo a 21ª Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada em 2017,
64,8% (5.745 km) de vias têm algum tipo de deficiência no estado (regular, ruim
ou boa). Apenas 35,2% das rodovias (3.121 km) tiveram um ótimo ou bom. As
rodovias da Bahia (estaduais e federais) somam 8.866 km de extensão, segundo
informações da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O estado geral inclui a avaliação conjunta do pavimento, da
sinalização e da geometria da via. De acordo com a pesquisa, o acréscimo do
custo operacional devido às condições do pavimento chegou a 23,5% no transporte
rodoviário da Bahia. A pesquisa estima que só para as ações emergenciais de
reconstrução e restauração das vias são necessários R$ 2,40 bilhões. Já para a
manutenção dos trechos desgastados, estima-se um custo de R$ 1,78 bilhão.
Governos
citam investimentos
O Dnit informou que estão previstos R$ 266,87 milhões em
2018 para manutenção das estradas federais que cortam a Bahia. O órgão planeja
gastos específicos para as BRs 110, 116, 242 e 324. Para a duplicação da
BR-116, de Teofilândia a Feira de Santana, existem dois contratos em fase de
elaboração, análise e aceitação dos projetos, diz o Dnit. “O valor investido em
2017 para essa ação foi de R$ 24,39 milhões e em 2018, para as obras de
duplicação na BR-116, é de R$ 37,10 milhões.”
Há ainda quatro contratos de conservação para a manutenção
da BR-116, desde a divisa com Pernambuco até Feira de Santana. Além disso, existe
um contrato que consiste em implantação de vias laterais e restauração. “Os
serviços são executados entre o entroncamento com a BR-235 e Euclides da Cunha.
Foram investidos R$ 8,97 milhões em 2017 para manutenção da BR-116/BA”, afirmou
o órgão federal.
Para manutenção da BR-242, o Dnit tem três contratos de
conservação, de São Roque do Paraguaçu ao entroncamento com a BA-534, e de
Brotas de Macaúbas à divisa com o estado de Tocantins. E ainda três contratos
para execução dos serviços de manutenção estruturada, entre Castro Alves e
Brotas de Macaúbas. Na 242, foram investidos em manutenção R$ 40,69 milhões em 2017.
Já o governo do estado diz que “vai destinar 2/3 do valor
obtido no empréstimo de R$ 600 milhões junto ao Banco do Brasil para a
recuperação de rodovias estaduais sob a responsabilidade da Seinfra”, o que dá
cerca de R$ 400 milhões.
Em 2017, a Seinfra diz que mais de R$ 182 milhões foram
investidos na implantação e restauração em 387,14 quilômetros de rodovias
baianas. “Dentre os trechos recuperados estão 78 km de extensão da BA-225,
entre Formosa do Rio Preto e Coaceral; 37,7 quilômetros da BA-693, que liga a
BA-290 a Ibirapuã, e 52,2 km da BA-052, de Ipirá a Baixa Grande”, afirmou o
órgão.
Para 2018, o governo planeja recuperar mais de 1.600 km de
estradas. O contrato para a realização das obras foi assinado no final de 2017.
Serão realizados serviços em mais de 360 km da BA-210, de
Paulo Afonso a Juazeiro; no Anel da Soja (BAs 456 e 460), em mais de 400 km; da
BR-242 (Paramirim, Livramento, Brumado, Vitória da Conquista, Itambé);
entroncamento da BA-152 (Caturama e Botuporã) e BR 430 (Igaporã).
Estão previstos investimentos ainda em mais de 500 km da
BA-161, entroncamento da BR-242 (Estreito), Barra (BA-172) e no entroncamento
da BR-242 (Javi) em mais de 300 quilômetros. A previsão é que os serviços sejam
iniciados neste primeiro semestre, informou a Seinfra.
Além disso, está na programação a realização de serviços de
recuperação e pavimentação em outros 320 quilômetros, também no primeiro semestre,
completou o órgão estadual.