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O avanço pelo Brasil de três doenças transmitidas pelo
mosquito Aedes aegypti em 2016 causou ao país um prejuízo de pelo menos R$ 2,3
bilhões - um impacto de 2% no Produto Interno Bruto (PIB). Juntas, dengue, zika
e chikungunya somaram naquele ano cerca de 2 milhões de casos, um drama para a
saúde pública que trouxe junto prejuízos econômicos.
É o que aponta um estudo feito pela consultoria Sense
Company, que faz análises econômicas para empresas farmacêuticas e realizou
este trabalho sob encomenda da Oxitec, produtora de Aedes transgênicos.
O trabalho levou em conta os custos de combate ao mosquito
(por repasse de recursos federais para larvicidas e inseticidas, por exemplo),
os custos médicos para diagnóstico e tratamento das doenças e os custos
indiretos, pela falta ao trabalho por causa da doença e consequente perda da
produtividade.
O valor é considerado pelos próprios autores como conservador,
uma vez que não levou em conta prejuízos de longo prazo com a microcefalia e
outras doenças neurológicas, por exemplo, nem com a morte de alguns pacientes.
"Representa o mínimo impacto que as doenças tiveram em
2016. É daí para cima", afirma Vanessa Teich, professora do Insper,
fundadora da Sense Company e líder do estudo. "Se pensarmos que significa
2% do PIB, é um custo relevante de doenças que poderiam ser evitadas. É um
gasto importante que poderia ser investido em outros fins, em outras áreas de
saúde mesmo", defende.
O combate ao vetor representou a maior fatia dos custos -
64,6%. Custos médicos diretos responderam por 16% do total e os indiretos, por
19%. Os resultados, divulgados nesta terça-feira, 30, serão publicados no
Jornal Brasileiro de Economia da Saúde.
Segundo Vanessa, os dados refletem ainda um outro
complicador - os gastos não têm efeito de longo prazo, de modo a assegurar o
País contra novos surtos das doenças. Foram todos emergenciais. "Não vimos
nenhum custo estrutural, que pudesse ser categorizado como investimento. São
gastos em larvicidas, nos agentes de combate às endemias. Houve investimento em
criar os centros de reabilitação para quem teve complicações de zika. Mas ainda
terá de ter manutenção. É tudo para ações emergenciais", explica.
O trabalho considerou também os gastos por Estados. Minas
Gerais foi o campeão, com perdas de R$ 323.937.946, seguido de São Paulo, com
R$ 255.470.166. O Nordeste, região mais afetada pela zika, somou R$ 761
milhões.
"O impacto para cada lugar tem a ver com a ocorrência
total de casos e também com a composição de casos, se de dengue, chikungunya ou
de zika. Em 2016, em Minas foram notificados 528 mil casos só de dengue. Houve
uma discrepância ali. Já o Nordeste apareceu com uma perda não tão alta, porque
o custo tratamento agudo do zika não é dos mais caros e não conseguimos fazer
uma estimativa de gastos futuros com a microcefalia. Se a gente incluísse os
custos dessas complicações, certamente o peso desses Estados aumentaria
também", afirma Vanessa.