Daniel Ferreira/Metrópoles
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A seis dias do julgamento em segunda instância que poderá
torná-lo inelegível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta
quinta-feira (18/1) que pretende sair candidato à Presidência “aconteça o que
acontecer”. Em discurso durante ato de artistas e intelectuais em seu apoio, em
São Paulo, o petista voltou a acusar seus adversários de quererem criminalizar
o PT. “Quero que o PT me indique à Presidência. Se não for como candidato,
serei como cabo eleitoral. Se o PT quiser, estarei como candidato à
Presidência, aconteça o que acontecer”, disse.
Condenado em primeira instância no âmbito da Lava Jato,
Lula terá recurso julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4)
no dia 24, em Porto Alegre, no caso do tríplex do Guarujá (SP). Segundo a
Justiça, o apartamento teve a reforma paga pela empreiteira OAS, que recebeu em
troca vantagens indevidas. Se tiver a condenação confirmada, Lula poderá ficar
inelegível pela lei da Ficha Limpa. Sobre o julgamento, Lula disse estar
“tranquilo” e “com a consciência limpa”. “Mesmo se acontecer a condenação,
vocês verão que eu continuarei tranquilo A minha tranquilidade vai infernizar a
vida deles.”
Criminalização
Participaram do ato de apoio a Lula, entre outros nomes, os
músicos Odair José, Thaíde, Ana Cañas, Raquel Virgínia, Assucena Assucena e
Edgar Scandurra, os atores Celso Frateschi e Aílton Graça, a cineasta Laís
Bodanzky, os urbanistas Raquel Rolnik e Nabil Bonduki, o jurista Fábio Konder
Comparato, o escritor Raduan Nassar e a mulher do falecido educador Paulo
Freire, Nita Freire.
Repetindo o discurso de terça-feira, quando participou de
ato semelhante no Rio, Lula disse que o PT está sob ataque. “Venho falando
desde 2014 que eles querem criminalizar o PT. Como não podiam mais dar um
golpe, venderam a ideia que o Brasil tinha uma doença, e essa doença era o PT.
Falaram tanto que anestesiaram a sociedade”, disse o ex-presidente a uma
plateia que lotou o salão da Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, região
central de São Paulo. A derrocada de Dilma Rousseff, segundo ele, foi uma
“cirurgia” feita depois dessa anestesia.
Lula disse ainda que o partido não soube reagir a esse
ataque de início, mas que agora está se recuperando. Citou como exemplo o
enfrentamento da reforma trabalhista, a qual criticou, afirmando que ela vai
“tirar do trabalhador mais pobre”.
Além dos artistas, participaram do ato diversos políticos,
entre eles a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), o ex-prefeito
de São Paulo Fernando Haddad, o ex-chanceler Celso Amorim, o ex-senador Aloizio
Mercadante, os ex-ministros Alexandre Padilha (Saúde), Eleonora Menicucci
(Secretaria de Políticas para as Mulheres) e Paulo Vannuchi (Direito Humanos) e
o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.
“Neste momento não há dúvidas que defender Lula é defender
a democracia no Brasil”, disse Boulos, que é cotado para concorrer à
Presidência pelo PSOL. “O papel de quem é de esquerda, concorde ou não com o
presidente Lula, é defender seu direito de participar dessa eleição.”