Foto: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde |
Desde julho de 2017 já foram registradas 20 mortes por
febre amarela no Brasil. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde em
entrevista coletiva nesta terça-feira (16). O último boletim epidemiológico,
atualizado no dia 8 deste mês, mencionava quatro vítimas da doença. Ou seja, os
óbitos registrados aumentaram cinco vezes. Os números foram apresentados pelo
ministro interino da Saúde, Antônio Carlos Nardi.
Quando considerados os casos confirmados, o crescimento
entre o boletim anterior e o atual também é representativo. No comunicado do
dia 8, havia 11 registros. No documento desta terça-feira, o número saltou para
35, uma ampliação de 320%. Os incidentes ocorreram em matas, não havendo
notificação até agora em áreas urbanas. Entre julho de 2016 e janeiro de 2017,
houve 271 casos e 99 mortes, em um período marcado por um surto da doença.
O número de casos confirmados ainda pode aumentar, pois há
145 episódios em investigação por equipes de secretarias de Saúde. Entre julho
de 2017 e janeiro deste ano foram notificados 470 casos suspeitos. Deste total,
290 já foram descartados. Questionados na entrevista coletiva hoje (16), os
representantes do Ministério da Saúde evitaram falar em “surto”, mas
classificaram o fenômeno de um “aumento
de incidência da doença”.
A situação é mais grave nos estados de São Paulo (20 casos
e 11 mortes), Minas Gerais (11 casos e 7 mortes), Rio de Janeiro (3 casos e 1
morte) e DF (1 caso e 1 morte). Em razão do aumento dos casos, a Organização
Mundial da Saúde classificou hoje o conjunto do estado de São Paulo de área de
risco e recomendou a viajantes internacionais tomar vacina específica e se
imunizar contra o vírus.
Vacinação
O Ministério da Saúde informou que vai disponibilizar aos
estados lotes de vacina para campanhas junto à população. Qualquer pessoa pode
se imunizar, à exceção dos que estão em situações de contraindicação, como
pacientes com câncer, indivíduos com imunossupressão e pessoas com
hipersensibilidade à proteína do ovo.
A vacina começa a fazer efeito em 10 dias. Quem pretende se
dirigir às áreas consideradas de risco deve se vacinar dentro deste prazo para
não contrair a doença. Em São Paulo, a campanha será antecipada para o dia 29 e
vai abranger 54 cidades e buscar atender 8,3 milhões de pessoas.
No Rio de janeiro, a previsão é que as ações de vacinação
sejam realizadas em 15 municípios, com meta de chegar a 10 milhões de pessoas.
Já na Bahia, onde também há preocupação com a ocorrência da doença, a campanha
focará oito cidades e buscará aplicar o medicamento a 3,3 milhões.
Essas ações serão feitas com vacinas fracionadas. Nesse
caso, a imunização envolve a aplicação de uma parte da dose. Segundo o
Ministério da Saúde, o efeito dura oito anos. “Nós temos estoque para atender à
necessidade da população brasileira. Hoje temos seringas suficientes para
vacinar fracionadamente 20 milhões de pessoas e demandamos à Organização
Pan-Americana da Saúde mais 20 milhões de doses na semana passada”, informou o
secretário executivo do Ministério da Saúde, Antônio Carlos Nardi, que
substitui o ministro Ricardo Barros, em viagem ao Haiti.
As doses fracionadas não são indicadas para algumas
pessoas, como crianças na faixa de 9 meses a 2 anos, pacientes com câncer ou
HIV/aids em fim de tratamento e mulheres grávidas. A vacina fracionada também não deve ser tomada pelos que
pretendem viajar para o exterior, pois órgãos de saúde de outros países exigem
a dose padrão.