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As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Com dificuldade em conseguir apoio para aprovar a reforma
da Previdência, o presidente Michel Temer disse que já fez sua parte e que é
preciso convencer a população para ter apoio do Congresso à proposta, principal
pilar de sua agenda de ajuste fiscal.
“Eu já fiz a minha parte nas reformas e na Previdência”,
disse Temer em entrevista ao Estadão/Broadcast. “Agora é preciso convencer o
povo, porque o Congresso sempre ecoa a vontade popular”, completou. Temer
lembrou que tem participado de programas populares para tentar diminuir a
resistência da população em torno do tema.
O presidente afirmou ainda que avaliará, junto com o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se o texto será colocado em pauta
no dia 19 de fevereiro, mesmo sem a certeza dos 308 votos necessários para
aprovação. “Nós vamos insistir muito na reforma da Previdência. Agora, de fato,
é preciso ter votos. Nós temos duas, três semanas para fazer a avaliação se
temos votos ou não e depois decidimos se vamos votar de qualquer maneira ou
não”.
Integrantes do governo colocaram fevereiro como a única
alternativa para votar a reforma. Antes, alguns aliados de Temer defendiam que
a reforma fosse colocada em votação em novembro, depois das eleições, o que
aumentaria, na visão deles, as chances de o texto ser aprovado, porque os
parlamentares não teriam mais de votar tema tão impopular temendo a punição nas
urnas.
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que
se a reforma não for votada em fevereiro, o governo não tem a intenção de
insistir nessa pauta indefinidamente. “Tem momentos em que a batalha tem de
parar, e achamos que é em fevereiro”, disse. “Se passar de fevereiro, não
podemos ficar com essa pauta de forma indefinida. Mas estamos com fé de que
vamos construir condições para votar a reforma em fevereiro.”
Alterações. De acordo com o ministro da Secretaria de
Governo, Carlos Marun, o relator da reforma, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), vai
apresentar no dia 6 de fevereiro, o texto da reforma com algumas alterações,
como uma última cartada para a aprovação. Em visita ao Rio de Janeiro para
buscar apoio, Marun afirmou ainda acreditar que o governo conseguirá os “40 a
50” votos que precisa para atingir os 308 necessários.
Já nas contas do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), um dos
vice-líderes do governo na Câmara, há hoje no máximo 240 votos, e o governo não
chegará “em nenhuma hipótese” ao número de votos necessários para aprovar a
proposta. Ele afirmou ter feito um apelo ao presidente para adiar a votação e
não marcar nova data
“A Previdência está cada vez mais longe de ser aprovada”,
afirmou. Rosso, cuja base do eleitorado é de servidores públicos, se colocou na
linha de frente para negociar com o governo propostas de interesse das
categorias do funcionalismo na reforma. O deputado disse que os servidores
querem discutir no texto a regra de transição, pensão por morte e tratamento
especial para profissionais que atuam em atividade de risco, como policiais.
O deputado Beto Mansur (PRB-SP), também vice-líder do
governo na Câmara, porém, rebateu as declarações de Rosso. Disse que o governo
manterá a apreciação da proposta em fevereiro. “Temer não vai recuar de jeito
nenhum.”