Arquivo pessoal |
Carolina
Vicentin/Metrópoles
Diz a Bíblia, no Antigo Testamento, que o Rei Salomão,
certo dia, recebeu duas mulheres que reclamavam a maternidade de um mesmo bebê.
Depois de ouvir a história de ambas, Salomão pediu uma espada para cortar a
criança ao meio. Com uma parte para cada mãe, estaria resolvida a contenda.
Ao ouvir tal proposta de solução, a verdadeira mãe
renunciou a maternidade para que o filho permanecesse vivo, ainda que nos
braços da outra. Com isso, Salomão descobriu qual das duas falara a verdade e
sagrou-se como um sábio rei, iluminado pela justiça divina.
Eu não sou Salomão, estou a anos-luz de ter a dita
sabedoria divina, mas, cada vez mais tenho me inspirado em soluções salomônicas
para resolver as brigas aqui de casa – ainda que pareça um tanto ditatorial.
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Do tipo:
– Sossô, vai pra lá, deixa eu colocar a minha pista na
banheira.
– Nãããão!
– Ah, manhê! Ele não quer deixar eu brincar com a minha
pista…
– Miguel e Solano, acho bom vocês se entenderem! Se eu for
aí, não vai ter pista nem banheira pra mais ninguém!
Não, não é o mais indicado pedagogicamente falando.
Tampouco é sábio – parece mais um sintoma da completa falta de paciência.
Esta coluna já trouxe estratégias para lidar com brigas
entre irmãos. Conversar e deixar que eles próprios encontrem soluções para os
conflitos são recomendações preciosas.
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Nesse caminho, o difícil, a meu ver, é não fazer o mais
novo destruir a brincadeira do mais velho. E a gente fica meio divida mesmo:
por um lado, queremos que eles brinquem juntos, por outro, deve ser um saco
para o mais velho aguentar o pequeno bagunçando tudo o tempo todo. Sem falar
que nunca dá para saber quem começou a provocação.
Eu tento negociar, explicar, uma, duas, três vezes. Mas,
sem sucesso e sem inspiração divina, o jeito é apelar. Arrancar os dois da
banheira, aguentar o choro e o estresse e imaginar que os vizinhos queiram
chamar o Conselho Tutelar.
A parte boa é que o drama costuma durar pouco, uns três
minutos, talvez. Eles, rapidinho, dão um jeito de se entender.
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Às vezes, a melhor solução é dar uma de Salomão e atacar o
problema pela raiz.
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