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Agência
Brasil
Mesmo em número
maior entre as pessoas com ensino superior completo, as mulheres ainda enfrentam
desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens. Essa disparidade se
manifesta em outras áreas, além do item educação. É o que comprova o estudo
Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgado
hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Tomando por base a população de 25 anos ou mais de idade
com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens,
20,7%. Quando se comparam os dados com homens e mulheres de cor preta ou parda,
os percentuais são bastante inferiores: 7% entre os homens e 10,4% entre
mulheres.
Em relação ao rendimento habitual médio mensal de todos os
trabalhos e razão de rendimentos, por sexo, entre 2012 e 2016, as mulheres
ganham, em média, 75% do que os homens ganham. Isso significa que as mulheres
têm rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos no valor de R$
1.764, enquanto os homens, R$ 2.306.
A economista Betina Fresneda, analista da Gerência de
Indicadores Sociais do IBGE explica que os resultados educacionais não se
refletem necessariamente no mercado de trabalho. Segundo ela, as mulheres, por
terem nível de instrução maior do que os homens, não deveriam ganhar o mesmo
salário, em média, deles. “Deveriam estar ganhando mais, porque a principal
variável que explica o salário é educação. Você não só não tem um salário médio
por hora maior, como na verdade essa proporção é menor.”
Também a taxa de frequência escolar líquida ajustada no
ensino médio em 2016 exibe maior percentual de mulheres (73,5%) que de homens
(63,2%). A média Brasil atingiu 68,2%. Estudos mostram que o ambiente escolar é
mais adequado ao tipo de criação dado às meninas, em que se premia a
disciplina, por exemplo, disse a analista. “Tem mais a ver então com
características da criação das meninas. Outros estudos mostram que, a partir do
ensino médio, por exemplo, os homens começam a conciliar mais estudo e trabalho
do que as mulheres. Diversos fatores que estão associados a papéis de gênero.”
Em termos de rendimentos, vida pública e tomada de decisão,
a mulher brasileira ainda se encontra em patamar inferior ao do homem, bem como
no tempo dedicado a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos. A pesquisa
confirma ainda a desigualdade existente entre mulheres brancas e negras ou
pardas.
No tópico da educação, o estudo procurou ressaltar também
que entre as mulheres, as desigualdades são marcantes. As mulheres brancas
alcançam superior completo em proporção duas vezes maior que as pretas ou
pardas. “Então, existe um efeito também da cor da pessoa na chance de concluir
o ensino superior”, destacou a economista.
O IBGE reuniu informações de três pesquisas no
levantamento: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e Pesquisa Nacional
de Saúde (PNS), partindo da base do Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero
(Cmig), proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Somaram-se a isso
dados do Ministério da Saúde, do Congresso Nacional e do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação
(Inep). Os indicadores apurados foram agrupados em cinco temas: estruturas
econômicas e acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida
pública e tomada de decisões; e direitos humanos de mulheres e crianças.
Dependendo do indicador, o período analisado vai se 2011 a 2016.