Foto: Acervo da família |
Geraldo
Ribeiro, da Agência O Globo
Oficialmente, ele não revela o segredo da longevidade. Mas
uma neta acabou deixando escapar a receita que fez com que Moacir Gonçalves de
Jesus chegasse aos 117 anos.
O morador de Rio das Ostras (RJ) tomava uma dose diária de
cachaça, catuaba e jurubeba até os 112 anos - prática só abandonada depois que
o centenário se converteu à religião adventista. Moacir complementava a receita
simples com uma taça de vinho. Mas só de vez em quando.
— Meu pai (como ela se refere ao avô que a criou) tem uma
saúde perfeita. Com 46 anos nunca vi ele doente ou reclamar sequer de uma dor
de cabeça ou resfriado. Dorme bem e come bem. Não tem tanta clareza na fala,
mas está super bem — conta a neta, com quem o idoso mora há cinco anos desde
que ficou viúvo de Maria Jovina de Jesus, morta aos 83 anos.
Moacir, que fez aniversário na quinta-feira, é um dos
homens mais velhos do Brasil. Ele planeja chegar pelo menos aos 120 anos. A
saúde é de ferro, como constatado nas visitas rotineiras ao médico feitas a
cada 15 dias. Atualmente, segundo o Livro Guinness dos Recordes, a pessoa mais
velha do mundo é a japonesa Nabi Tajima, com 117 anos e 215 dias.
Ao longo do tempo, Moacir também constituiu uma grande
família, com mais de 70 integrantes — pelo menos até onde se tem conhecimento,
já que era considerado um andarilho, tendo passado por 21 estados brasileiros
neste um século e quase duas décadas de existência. Seus herdeiros conhecidos
são 12 filhos, 28 netos, 32 busnetos e e uma tataraneta de 12 anos. Dos filhos,
apenas quatro ainda estão vivos.
Como a maioria dos parentes mora na Bahia, estado de origem
do idoso, a comemoração antecipada para a véspera do aniversário contou com
participação apenas dos familiares de Rio das Ostras. Na ocasião, o homenageado
fez questão de vestir um uniforme militar, carreira que sempre sonhou seguir.
Porém, analfabeto, trabalhou a vida toda na lavoura, tendo tido como patrão um
coronel do Exército.