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Gabriel
Martins, da Agência O Globo
Os brasileiros fizeram R$ 1,36 trilhão em compras com
cartões no ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira das
Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Quando são levadas em conta
apenas as compras não presenciais feitas com cartões de crédito, com destaque
para o comércio virtual, o montante chegou a R$ 167,6 bilhões, uma alta de
16,5% em relação a 2016. Esse tipo de transação respondeu por 20% de todo o
volume das transações por meio de cartões de crédito. Entretanto, à medida que
o uso de cartão no ambiente virtual cresce, as tentativas de fraude seguem o
mesmo ritmo.
Um levantamento feito pela empresa UPX Technologies,
especialista em segurança digital, mostrou que até março deste ano foram
registrado 77.300 casos de vazamento de dados de cartão de crédito das
principais instituições financeiras do país. Segundo dados do Indicador Serasa
Experian de Tentativas de Fraude, em janeiro, foram registradas 161.097
tentativas de golpe no Brasil, alta de 7,1% em relação a dezembro. Isso
significa uma a cada 16,6 segundos. As principais foram a emissão de cartões de
crédito, compra de eletrônicos e abertura de contas. Todos os procedimentos
valendo-se de dados vazados de terceiros.
A empresa fez um rastreamento na internet por meio de palavras-chave
e encontrou dados bancários de clientes tanto em sites fraudulentos como na
chamada "deep web", a camada obscura da internet.
Vítima da fraude cibernética, o supervisor de
estacionamento Arthur Costa, de 27 anos, foi surpreendido quando a fatura do
cartão chegou:
— Sempre fiz compras pela internet e nunca tive problemas.
Mas, cerca de cinco anos atrás, recebi uma cobrança de R$ 500 referente a um
resort onde nunca fui. Liguei para a operadora do cartão, mas tive muita dor de
cabeça.
Costa foi orientado a excluir da fatura o valor que ele
considerava indevido. Mas, após três meses, a instituição passou a cobrá-lo
novamente. A situação só foi terminar em meados de 2017, quando ele acabou
pagando a dívida para ter o nome retirado do serviço de proteção ao crédito.
Fátima Lemos, assessora técnica do Procon-SP, informa que,
para tentar minimizar os riscos de fraude, o consumidor deve estar atento nos
sites que visita.
— O consumidor é constantemente atraído por ofertas
tentadoras, mas elas podem apresentar um risco. É preciso investigar bastante o
site antes de fazer um cadastro e colocar os dados do cartão — finalizou
Fátima.
FIQUE
DE OLHO
Vírus
Ao fazer uma compra online, confira se o antivírus do
computador está funcionando e atualizado.
Compras
em sites
Certifique-se de que o site é seguro. Procure certificações
de associações de direito do consumidor e proteção online, normalmente, no fim
da página. Observe se na barra de digitação o site começa com
"https".
Tenha atenção com mensagens ou e-mails de origem
desconhecida. Ao clicar em um link recebido por algum meio eletrônico, você
pode ser direcionado a um site malicioso.
Atenção
Desconfie de sites que oferecem preços abaixo do mercado.
Algumas páginas oferecem ofertas muito atrativas para roubar dados dos
consumidores.
Como
reclamar?
O Procon RJ recomenda que, caso seja identificada cobrança
suspeita na fatura, o consumidor deve, além de reclamar na administradora do
cartão, fazer ocorrência na delegacia, uma vez que se trata de fraude. E, caso
a empresa não resolva o problema, a alternativa é procurar os órgãos de
proteção e defesa do consumidor e abrir reclamação. Sobre o pagamento da
fatura, o consumidor pode pagar o valor integral e reclamar em seguida, ou
reclamar primeiro e pagar só as cobranças que ele reconhece. Nos dois casos,
alerta o Procon RJ, é importante guardar o número de protocolo da reclamação.
Se o pagamento total for feito, o consumidor terá direito a receber de volta os
valores pagos que não tenham sido gastos por ele. Essa devolução, normalmente,
é em forma de crédito nas faturas seguintes.