Foto: Divulgação |
Fonte:
O Globo
Aos pouquinhos, a moda vai deixando para trás algumas
ideias e conceitos, percebendo que a beleza se revela por vários caminhos. A canadense
Winnie Harlow, portadora de vitiligo, virou favorita de Marc Jacobs, que passou
a escalar a moça, com campanha para a Diesel no currículo, para seus desfiles.
A americana Ashley Graham, celebrada por suas curvas, entrou para o time de
tops de Michael Kors. No outro lado do globo, na Austrália, Madeline Stuart fez
história ao ser apontada como a primeira supermodelo com síndrome de Down.
Aos 21 anos, ela destaca que a indústria está mesmo aberta
à diversidade e que as pessoas estão enxergando o cenário com olhos diferentes.
Afinal, representatividade importa, sim.
— Quero que todos saibam que a beleza vem em muitos
tamanhos e formas; devemos nos amar e ser gentis — comenta Madeline, que
concedeu esta entrevista por e-mail com a assistência da mãe, Rosanne, sua
grande incentivadora e agente. — Acho que mamãe me dá força para enfrentar os
desafios. Nunca tive medo das coisas. Não fui educada dessa maneira. Fui criada
para acreditar em mim, com coragem para viver a vida ao máximo.
A australiana entrou para a indústria da moda em maio de
2015, após suas fotos viralizarem nas redes sociais. O começo foi “insano”, com
convites para trabalhar em vários lugares. De repente, estava na crista da
onda, desfilando em Nova York, Londres e Paris. Ela passa somente três meses
por ano em casa, em Brisbane, sua cidade natal. No resto do tempo, é nômade,
como qualquer top model.
— Sou apenas uma garota normal, com muitas oportunidades, e
que é grata. Dou duro para ficar no topo do jogo e espero ter a chance de
manter minha carreira por um longo período — diz a modelo, afirmando que não vê
problema nas empresas usarem sua condição para promover produtos. — Isso
derruba barreiras. É uma vitória. Sou uma mulher de negócios. Então, não pense
em mim como um caso de caridade com o qual só podem trabalhar se possuírem as
mais honradas intenções que não sejam as vendas. Isso só anularia o propósito.
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Firme e focada, Madeline, que namora há quatro anos, sonha
riscar as passarelas das grifes Chanel, Louis Vuitton e Versace. A apresentação
anual da Victoria’s Secret também está nos planos:
— Se você é uma angel, é considerada uma das melhores e
será tratada como tal. É o sonho de toda modelo.
Além de manequim, Madeline pilota sua própria marca, a 21
Reasons Why by Madeline Stuart. A etiqueta nasceu depois que ela percebeu que
seu estilo atraía curiosos, que perguntavam todos os detalhes dos looks.
— Pareceu-me natural ter uma coleção para expressar todo o
meu amor pela moda — afirma. — O 21 do nome tem a ver com o cromossomo que
representa a síndrome de Down, mas também está ligado ao fato de que esperamos
ansiosos os 21 anos. É um momento tão emocionante.
No fim do ano, Madeline lançará um documentário sobre sua
trajetória. As câmeras a acompanham desde setembro de 2015, quando fez seu
primeiro desfile em Nova York.
Um tapa de luva na desembargadora Marília Castro Neves, do
Rio de Janeiro, que questionou o que Débora Seabra, primeira professora com
síndrome de Down do Brasil, ensinava aos seus alunos. Ora, temos muito o que
aprender com Débora, Madeline e tantas outras pioneiras da diversidade.