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Agência
O Globo
O Facebook removeu na última sexta-feira duas páginas de
apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Foi retirada do ar a página “Jair Bolsonaro presidente
2018”, que tinha mais de 800 mil seguidores, a segunda mais popular entre
dezenas criadas para apoiar o presidenciável. A outra página removida foi “Jair
Bolsonaro presidente 2.0”, com pouco mais de 70 mil curtidas. Procurado, o
Facebook não quis se manifestar.
Dados da ferramenta CrowdTangle mostram que apenas as cinco
maiores páginas de apoiadores do clã Bolsonaro — já excluindo a “Jair Bolsonaro
presidente 2018” — somaram quase 56,5 milhões de interações nos últimos 12
meses, incluindo 16,5 milhões de compartilhamentos. Elas postam sobretudo
vídeos e memes em apoio aos membros da família Bolsonaro e críticas a políticos
de esquerda e adversários de Jair.
Segundo Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas
Públicas da USP, as duas páginas excluídas compartilhavam com seus seguidores
basicamente links de três sites de “notícias ultra-engajadas” — portais que
reciclam material da grande imprensa fazendo releituras de caráter ideológico.
Porém, ele destaca que, ao contrário de outros presidenciáveis, os perfis
oficiais da família Bolsonaro não compartilham esses links.
— Sites oficiais da família Bolsonaro nunca compartilham
essas páginas. Bem diferente do que fazem candidatos progressistas, por
exemplo. É algo sui generis, não conheço nenhum outro caso assim — disse.
Ortellado crê que as exclusões não tenham relação com os
conteúdos compartilhados pelas páginas.
— Eu não creio que tenha sido qualquer tipo de conteúdo,
porque o Facebook tem dito há muitos meses que não vão fazer o papel de juiz do
que é verdade ou mentira — diz.
Bolsonaro afirmou que não foi comunicado sobre a retirada
do ar das páginas. Mas, tomará providências.
— Nesta segunda-feira (hoje) entraremos em contato com o
Facebook para nos informar melhor — disse o pré-candidato
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) comentou, na
sexta, o fato no Twitter: “Apenas para que saibam nossas batalhas. As
informações são que os donos (das páginas) vão entrar na Justiça”.
Após O GLOBO mostrar que uma notícia publicada pelo site
Ceticismo Político — compartilhada também pela página do Movimento Brasil Livre
(MBL) — foi a fake news mais difundida sobre a morte da vereadora Marielle
Franco (PSOL), o Facebook excluiu a página e o perfil pessoal de Luciano
Henrique Ayan, que se apresentava como editor do Ceticismo Político. Após as
revelações do GLOBO, ele revelou sua real identidade, Carlos Augusto de Moraes
Afonso. Também foi deletada a página do Ceticismo Político. Segundo o Facebook,
a decisão foi tomada porque as páginas e perfis citados eram mantidas por um
fake, o que contraria as regras de uso da rede social.
Na sexta-feira (30), O GLOBO mostrou outro exemplo de uso
abusivo dos recursos da rede social. O MBL utilizou-se de um aplicativo, o
Voxer, para replicar suas postagens em centenas de perfis de usuários reais. O
grupo conseguiu o aval dos usuários afirmando que o Facebook vinha reduzindo o
alcance de páginas de direita. Após ser questionado pelo GLOBO sobre o
funcionamento do aplicativo, o Facebook decidiu banir o Voxer.