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Antônio
Werneck, da Agência O Globo
Policiais civis e federais que investigam a morte da
vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes conseguiram
colher digitais parciais do assassino ou da pessoa responsável por municiar a
pistola 9mm usada no crime, praticado no último dia 14 de março. Elas foram
encontradas em cápsulas achadas por peritos na esquina das ruas João Paulo I e
Joaquim Palhares, no Estácio, onde aconteceu o ataque.
Especialistas examinaram nove cápsulas, sendo oito do lote
UZZ 18, vendido pela Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) em dezembro de
2006 para o Departamento da Polícia Federal em Brasília e distribuído para todo
o país. A nona faz parte de um carregamento importado, e, de acordo com
investigadores, tem características especiais, semelhantes à de um projétil
disparado em um homicídio que ocorreu em outro ponto da Região Metropolitana do
estado.
As digitais encontradas nas cápsulas, nas palavras dos
peritos, estão fragmentadas. Isso significa que, num primeiro momento, não
podem ser comparadas com as armazenadas no banco de dados das polícias do Rio e
Federal. Porém, segundo agentes que atuam no caso, é possível confrontá-las com
as de um eventual suspeito.
- Elas são microscópicas, fragmentadas. Estamos fazendo
todo o esforço possível - afirmou um policial que participa da investigação.
O trabalho da perícia nas cápsulas impressionou o
secretário de Segurança, Richard Nunes, conforme adiantou em sua coluna Ancelmo
Gois. De acordo com o colunista, a qualidade técnica foi elogiada pelo
secretário.
ASSASSINATO
DE MILICIANO É INVESTIGADO
A equipe da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil e
do Ministério Público (MP) estadual que investiga o assassinato da vereadora
Marielle Franco, no último dia 14 de março, também apura a execução, na noite
de domingo, de Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, líder comunitário da
região da Taquara, na Zona Oeste. Conhecido como Alexandre Cabeça, ele era
suspeito de ligação com uma milícia e trabalhava como colaborador do vereador
Marcello Siciliano (PHS), ouvido na semana passada pelo grupo que conduz o
inquérito sobre a morte de Marielle e Anderson.
Siciliano foi um dos seis vereadores chamados pela DH para
contar como era a convivência com Marielle. Alguns eram do PSOL; outros,
adversários políticos da parlamentar. Mas, de acordo com investigadores, nenhum
prestou depoimento na condição de suspeito. Citado em um relatório da
Secretaria de Segurança sobre a influência de milicianos nas eleições de 2014,
quando concorreu a deputado estadual (sem conseguir se eleger), Siciliano ficou
aproximadamente três horas na sede da especializada, na Barra. Ontem, ele
lamentou o assassinato de Carlos Alexandre, a quem descreveu como um
“colaborador voluntário” de seu gabinete.