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Carolina Mazzi, da Agência O Globo
Bateu uma crise de sinusite alguns dias
antes das férias ou quebrou a perna perto da data de embarque? Se isso
acontecer, saiba que é hora de ter atenção redobrada com a sua saúde. Segundo
especialistas em medicina aeroespacial, o ambiente controlado do avião pode
prejudicar a recuperação de algumas condições.
— As
características físicas das aeronaves são muito diferentes do ambiente normal,
ainda mais para quem vive em baixas altitudes, como no Brasil, já que a pressão
da cabine do avião equivale a de mais de dois mil metros de altitude. E a
viagem em si, com as pessoas sentadas na maior parte do tempo também pode
afetar quem está mais suscetível — afirma Marco Cantero, presidente da
Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial (SBMA).
De início, as recomendações principais vão
para idosos e crianças, que precisam ficar atentos principalmente aos sintomas
de desidratação — dor de cabeça, tontura — já que o ambiente da aeronave é mais
seco do que o normal, assim como (e aqui a recomendação vale para todas as
idades) alérgicos e quem usa lentes de contato. Quem estiver com alguma
infecção não deve voar, aconselha o médico.
MEDIF: O QUE É E QUANDO ENVIAR
Segundo
o especialista, alguns casos necessitam de cuidados "específicos",
como se a pessoa tiver tendência a trombose, enfisema, doenças cardíacas,
diabetes, pós-cirurgia, AVC e fraturas. Para viajar nessas condições, as
companhias aéreas exigem o Medif (Medical Information Form, na sigla em
inglês), um formulário com informações médicas do passageiro. Ele deve ser
preenchido pelo médico do viajante e enviado à companhia aérea no prazo
estipulado.
Após
análise do formulário, a empresa pode emitir um parecer que certifica a aptidão
ou não do passageiro e, se há necessidade de utilização de algum equipamento
especial, como uma maca (comum em casos de algum tipo de imobilização). Saiba
os prazos e as condições de cada companhia aérea para o envio. O formulário
pode ser solicitado pelo email ou baixado diretamente no site das companhias.
Azul. O
envio do Medif deve ser feito até 72 horas úteis antes do horário do voo para:
medif.azulcenter@voeazul.com.br. Site: voeazul.com.br
Avianca. O
documento deve ser enviado para medif@avianca.com.br, com antecedência máxima
de 72 horas do horário previsto de partida do voo. Site: avianca.com.br
Gol. Em
geral, o documento deve ser enviado com antecedência de 72h. Mas, no caso de
cirurgia plástica estética realizada a menos de 30 dias do embarque, o MEDIF
deve ser enviado 48 horas antes do voo. O envio é pelo site: voegol.com.br
Latam. O
Medif deve ser enviado para o e-mail medif@latam.com pelo menos 48 horas antes
do horário de saída do voo. O cliente recebe resposta por e-mail da companhia
em no máximo 24 horas após o envio do documento. Site: latam.com.
FRATURAS E USO DO GESSO
Em
casos de fratura ou uso de gesso, o envio do Medif é exigência das companhias
aéreas. Com o documento, as empresas determinam se a situação do passageiro
permite que ele viaje e, se sim, em quais condições.
Por
exemplo: se o gesso estiver colocado em membro inferior acima do joelho, quem
vai de classe econômica deve viajar em maca. As empresas aéreas vão determinar
a disponibilidade do equipamento. Neste caso, também é possível fazer o trajeto
em classe com poltrona que permita esticar o corpo em 180°.
De
qualquer forma, é preciso esperar 48h depois de engessar para embarcar, já que
pequena quantidade de ar pode ficar presa no gesso, enquanto ele estiver
fresco.
- Gesso
acima do joelho, em geral, não voa, já que nem todas as aéreas tem maca e voos
domésticos não costumam ter classe executiva, onde seria permitido. Em geral,
pequenas imobilizações, como no antebraço ou abaixo do joelho, não impedem o voo,
só determinam cuidados, afirma Cantero.
OUVIDOS, RINITE E SINUSITE: CUIDADOS
É
sempre importante consultar o médico antes de embarcar, mas a pressão e a baixa
umidade do ar na aeronave tendem a prejudicar mais as doenças da face. Abaixo,
destacamos algumas indicações da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial
para estes casos:
Ouvidos.
Principalmente as crianças sofrem dores de ouvido durante pouso e decolagem,
devido à diferença de pressão. Mastigar algo nesses momentos minimiza os
efeitos. Quem estiver com otite (infecção no ouvido) deve adiar a viagem.
Rinite.
A alergia causa coceira no nariz, espirros, excesso de secreção e obstrução das
vias aéreas. Os sintomas podem ser minimizados com cuidados antes do voo e
dentro do avião, com o uso de anti-histamínicos que usa habitualmente. Durante
o voo, deve-se umidificar a mucosa nasal com soro fisiológico, já que o
ambiente do avião é muito seco.
Sinusite
aguda ou crônica. A indicação é não viajar durante crises. A infecção deve ser
tratada antes da viagem. Por obstruir a tuba auditiva, pode levar a
complicações, principalmente no momento do pouso ou em caso de
despressurização. Voar sob tais condições pode causar enxaqueca severa, dor de
ouvido, dor facial e sangramento nasal.
DIABETES: MUITO ALEM DOS CUIDADOS DIÁRIOS
Além da
rotina para controlar a doença, os diabéticos que pretendem realizar longas
viagens de avião precisam ficar ainda mais atentos. Segundo a endocrinologista
Vivian Ellinger, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM), na diabetes tipo 1 a insulina, hormônio que controla o nível de
glicemia do organismo, não é produzida. Por isso os portadores da doença
precisam injetá-la:
— O
principal cuidado quem sofre de diabetes tipo 1 é sempre levar a insulina em
quantidade até maior do que o normal, já que a compra fora do país pode ser
mais complicada. Então, é preciso ter uma reserva para qualquer imprevisto.
A
principal dica, neste caso, é nunca despachar o medicamento pois a temperatura
do porão, onde ficam as malas, é muito baixa e acaba alterando a sua
composição. Para conseguir acomodar o medicamento e a seringa para aplicação
junto com o passageiro (já que objetos cortantes e líquidos acima de 100ml são
proibidos na cabine), é preciso obter a declaração do endocrinologista,
atestando a doença, o conteúdo e as quantidades que serão transportadas.
— A
declaração e a receita médica são importantes também caso haja algum imprevisto
no exterior, já que é proibido comprá-los sem receita — acrescenta Vivian.
Os mesmos
documentos (atestado da doença e a receita médica) também devem ser levados por
portadores da diabetes tipo 2. Na diabetes tipo 2, o corpo produz insulina de
forma inadequada. Com isso, nem todos precisam injetar o hormônio, mas não
podem esquecer de levar os outros medicamentos — também na mala de mão.
Além
dos medicamentos para controlar a taxa de glicemia assim como utilizar meia
elástica com compressão média ou alta, já que diabéticos podem ter problemas de
circulação se ficarem muito tempo sentados.
Tópicos:
SAÚDE