(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil) |
Manoel
Ventura, da Agência O Globo
A conta de luz dos brasileiros seguirá mais cara em agosto,
mês em que irá vigorar a bandeira tarifária vermelha nível 2, o mais elevado
para as cobranças adicionais. Com isso, as contas de luz continuarão com a
cobrança extra de R$ 5 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em julho, a bandeira vermelha 2 também
foi aplicada.
"A manutenção da cor da bandeira deve-se ao
prosseguimento das condições hidrológicas desfavoráveis e à redução no nível de
armazenamento dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional
(SIN)", expliocu a Aneel.
O sistema de bandeiras sinaliza o custo real da energia
gerada. A cor da bandeira é impressa na conta de luz (vermelha, amarela ou
verde). Quando chove menos, por exemplo, os reservatórios das hidrelétricas
ficam mais vazios e é preciso acionar mais termelétricas para garantir o
suprimento de energia no país. Nesse caso, a bandeira fica amarela ou vermelha,
de acordo com o custo de operação das termelétricas acionadas.
As contas de luz estão mais caras desde maio, quando foi
acionada a bandeira tarifária amarela, que gera um custo extra de R$ 1 a cada
100 kW/h em energia consumida. Em junho, a sobretaxa aumentou para R$ 5, com a
bandeira tarifária vermelha nível 2.
Especialistas avaliam que a bandeira vermelha deve
permanecer até outubro, com possibilidade de ser estendida até dezembro, caso
as chuvas não sejam suficientes para regularizar o nível de água nos
reservatórios das hidrelétricas.
O volume da água para as hidrelétricas segue em queda e
voltou a se aproximar do comportamento visto no ano passado, o pior da série
histórica. As barragens que abastecem o sistema interligado nacional estão
cerca de 12 pontos percentuais abaixo do volume estimado para esta época do ano,
segundo cálculos da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A previsão da CCEE é que o nível de água nos lagos das
hidrelétricas permaneça muito baixo, apesar de um pouco maior que o registrado
em 2017.
Parada de usinas térmicas
A decisão da Petrobras de fazer uma parada programada para
manutenção na plataforma de Mexilhão, no pré-sal da Bacia de Santos, também
deve ter impacto na conta de luz do brasileiro. A plataforma, que ficará
paralisada até 8 de setembro, produz gás destinado a usinas termelétricas no
Sudeste e no Nordeste. O episódio deixou em alerta a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel).
Para suprir os 15 milhões de metros cúbicos por dia de gás
natural de Mexilhão, a estatal vai aumentar a oferta de gás natural liquefeito (GNL)
importado em 20 milhões de metros cúbicos por dia. Neste cenário, as
alternativas seriam usar gás importado, mais caro, ou recorrer a usinas movidas
a outras fontes, como diesel, que também têm preço mais elevado.