![]() |
(Foto: Marco Correia | Varela Notícias) |
Com os recentes casos do policial torturado e morto, o
outro baleado no rosto durante operação e a morte de suspeitos do tráfico, o
Nordeste de Amaralina carrega um histórico e esteriótipo de um dos bairros mais
violentos da capital baiana.
Neste contexto, o Varela Notícias foi até a região para
saber dos moradores e trabalhadores do local qual é a atual situação do bairro.
O clima é de tensão.
Durante toda a apuração, um fato em comum aconteceu:
aqueles que aceitavam prestar qualquer tipo de depoimento não queriam ser
identificados de nenhuma forma. Uma das moradoras que mantem estabelecimento no
local não quis nem correr o risco de ser entrevistada: “Moro aqui, mas prefiro
não comentar nada”, falou, receosa.
Na ladeira que leva para a 28ª DT (Delegacia Nordeste de
Amaralina), se encontra uma pequeno mercado. Ao ser questionado sobre o bairro,
um dos donos afirmou que ainda não tem uma opinião totalmente formada: “Não
posso falar muita coisa, pois viemos do interior tem uns 20 dias para abrir o
negócio”. Mas, parece que o medo é algo que já influencia na percepção do jovem
empreendedor: “A gente sente um pouco, né? Mas não tem o que fazer”, comentou.
Entretanto, parece que a região do entorno da unidade
policial não sofre tanto com esta violência que atinge o Nordeste. De frente
para o recente mercado, uma senhora vende pescados há três anos e afirma nunca
ter sofrido nenhum tipo de violência, seja por parte policial ou de facções.
“Moro no bairro há 40 anos e nunca tive problema nenhum.”
A vendedora explica que os casos que ocorrem na região não
tem gente do bairro envolvida: “Geralmente quem assalta aqui nessa área são
pessoas de outros lugares, de fora”. Em meio a este contexto, ela garante que
não deixaria o local: “Não sairia de jeito nenhum. Eu gosto de viver aqui”.
A senhora ainda aproveitou o momento para denunciar a
situação precária dos serviços oferecidos à população. “O bairro precisa
melhorar. Passar ônibus, ter posto de saúde, escolas. Porque se tivermos uma
educação melhor, talvez não houvessem tantos vagabundos”.
![]() |
(Foto: Marco Correia | Varela Notícias) |
Um pouco mais acima da rua, a Unidade de Saúde da Família,
Professor Sabino Silva, atende os moradores da região. Um dos funcionários da
instituição não mora no bairro, mas no pouco mais de quatros meses de serviço,
já pôde notar algumas coisas. “Este posto não é afetado porque tem a delegacia
ao lado, mas o de lá embaixo e o de Santa Cruz fecham quando tem alguma
operação”.
Ele, que não precisa passar por caminhos perigosos para
chegar ao posto, afirma que se sente seguro no dia-a-dia do trabalho. “Receoso
eu fico por causa da violência, mas o que me deixa seguro é a delegacia aqui do
lado, porque tenho convicção de que a bandidagem não vai chegar até aqui. Essa
área é bem tranquila, mas lá pra baixo onde nunca desci, já ouvi falar que é
pesado”.
Procurada pela redação, a 28ª DT não se posicionou sobre,
pois o delegado titular estava fora no momento. Entretanto, ao fim da apuração,
uma viatura da Choque estacionou em frente à unidade, com dois agentes
encapuzados dentro. Permaneceu por menos de cinco minutos, até arrastar em
direção à parte mais baixa do bairro.