![]() |
Foto: Divulgação |
Uma sequência de cenas com brilho intenso provocou mal
estar em algumas pessoas que assistiram ao filme “Os incríveis 2”, nos Estados
Unidos. Por conta dos relatos, cinemas passaram a exibir avisos de que a
animação poderia afetar pessoas suscetíveis à epilepsia fotossensível e a
outros tipos de fotossensibilidades.
"O nosso olho é um receptor de informações. Quando o
olho recebe muita estimulação de cores e brilhos, ele pode dar um
“curto-circuito” no cérebro e causar uma crise convulsiva no paciente
desencadeada por uma foto estimulação", explica André Lima, neurologista
da Rede D'Or São Luiz.
Quem tem fotossensibilidade pode sofrer não apenas dentro
de salas de cinema, mas também quando estão em discotecas, próximos à sirenes
luminosas (como ambulância e viaturas policiais) e até mesmo vendo algo na TV,
no celular e em tablets. De acordo com a Fundação Americana de Epilepsia, este
problema ocorre em cerca de 3% das pessoas que sofrem com crises de epilepsia,
com uma ocorrência maior em crianças e jovens, com episódios diminuindo após os
20 anos.
A exposição contínua a uma luz muito brilhante pode
provocar enxaquecas e problemas na visão em quem tem e naqueles que não têm
crises epiléticas. É possível identificar a fotosensibilidade por meio de
eletroencefalograma.
"No exame, o paciente é submetido a estímulos
luminosos em uma frequência contínua que gera alterações gráficas no resultado
do procedimento", esclarece Cristiana Goes, neurologista da UFRJ e
professora da Uerj.
Quem sofre de epilepsia fotossensitiva pode se tratar com
medicamentos, seguindo orientação médica. "Não temos como afirmar que há
cura para este problema, mas existem casos em que o paciente fica anos sem ter
crise, controlando-as com remédio e obtém sucesso com a retirada da medicação.
Em outros casos não, as crises voltam quando tiramos o fármaco", diz Paula
Vallega, neurologista da Policlínica Granato.
A reportagem do EXTRA procurou as redes de cinema que
exibem o filme no Rio de Janeiro. As redes Cinesystem, Kinoplex e Espaço Itaú
de cinema responderam afirmando que há cartazes na estrada de suas salas
informando que “O filme ‘Os Incríveis 2’ contém sequências com flashes de luz
que podem afetar espectadores suscetíveis a epilepsia e outros distúrbios
causados pela sensibilidade à luz”. O Kinoplex diz ainda que o aviso aparece em
seu site e na tela, antes de começar o filme e “que até o momento, não foi
registrada nenhuma ocorrência nos cinemas da rede e que os funcionários dos
complexos fazem ronda nas salas periodicamente para checar se está tudo
correndo bem”. As demais redes não responderam até o fechamento desta matéria.
Algumas dicas para evitar crises
Se possível, evite a exposição a luzes intermitentes cuja frequência varie de 5 a 30 flashes por segundo
Cubra um olho e afaste-se da fonte de luzes piscando.
Fechar os dois olhos ou virá-los para outra direção não ajudará
Assista à televisão em uma sala bem iluminada para reduzir
o contraste entre a luz do aparelho e a luz ambiente.
Reduza o brilho da tela e sente-se o mais longe possível
dela
Ao jogar videogame, fico pelo menos a dois passos da TV
Faça pausas frequentes nos jogos e olhe para longe da tela
de vez em quando. Não feche e abra os olhos voluntariamente enquanto olha para
a tela, pois piscar pode facilitar convulsões
Não deixe as crianças jogarem videogames se estiverem
cansadas
Desligue o jogo se sentimentos estranhos ou incomuns ou
movimentos involuntários do corpo aparecerem
Use um protetor de brilho no monitor do computador
Faça pausas frequentes nas tarefas que envolvem o
computador
Fonte: Epilepsy Foundation