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Thit Perawongmetha / Reuters
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Um ex-mergulhador da Marinha da
Tailândia, que se juntou voluntariamente à operação de resgate das 12 crianças
e adolescentes e de seu treinador de futebol presos há 13 dias em uma caverna
inundada, morreu às 2h da manhã desta sexta-feira (horário local) por falta de
oxigênio enquanto voltava para o centro de comando, após levar provisões,
anunciou o comandante da força SEAL da Marinha, Arpakorn Yookongkaew.
— Ele perdeu a consciência no
caminho de volta. Seu companheiro de mergulho tentou ajudá-lo — disse
Yookongkaew.
Diante da perspectiva de fortes
chuvas no fim de semana, falta de experiência em mergulho e ainda a desnutrição
de alguns dos 12 meninos e de seu treinador de futebol presos há 13 dias numa
caverna inundada, a Tailândia mobilizou um verdadeiro exército de militares e
especialistas para tentar duas formas de resgate em estudo. Nesta quinta-feira
chegaram mais 30 mergulhadores de elite para se juntar aos 80 já no local,
enquanto as autoridades enviavam entre 20 e 30 equipes para rastrear a área
sobre a caverna para tentar encontrar uma fenda ou chaminé que a ligue a
superfície e evite o resgate subaquático.
O primeiro cenário é retirar, com
a necessidade de mergulho, somente aqueles que estiverem prontos e saudáveis. O
plano é aproveitar ao máximo a drenagem já feita em zonas alagadas e minimizar
a necessidade de fazer arriscadas travessias submersas. No segundo — um
panorama ainda hipotético — equipes mobilizadas tentariam cavar um túnel para
extrair o grupo a partir da superfície acima da caverna. Para isso, no entanto,
buscam alguma abertura que facilite a tarefa, uma vez que a caverna está a
entre 800 metros e um quilômetro da superfície.
— Estamos numa corrida contra a
água, que continua fluindo, apesar da drenagem — disse o governador da
província de Chiang Rai e chefe da célula de crise, Narongsak Osatthanakorn.
A melhora da previsão climática
para hoje deu mais tempo às equipes de socorro para preparar a logística da
retirada. Estava prevista chuva para hoje. Novas previsões indicaram que a
precipitação mais forte — que potencialmente alagará todo o complexo — será só
no domingo.
— Se a condição estiver adequada
e a pessoa estiver 100% pronta, poderá sair — garantiu Osatthanakorn.
A célula de crise precisa
garantir ação rápida: segundo o governo, os mergulhadores podem levar até 11
horas para resgatar cada adolescente: seis horas para chegar até eles, e mais
cinco para voltar — o trajeto de saída tem a corrente a favor.
Segundo Poonsak Woongsatngiem,
funcionário sênior de resgate do Ministério do Interior, o volume de água na
caverna já foi reduzido em 40% — numa média de 1,5 centímetros por hora. A
intenção é bombear e drenar o suficiente para que as crianças não precisem
mergulhar — ou que mergulhem por pouco tempo e com menos risco. Hoje, 1,5km do
trajeto seria a pé, no seco, e os 2,5km restantes seriam feitos a nado ou em
mergulhos mais rasos.
Mas um boletim médico dos
adolescentes, obtido pela CNN, mostrou que dois dos garotos e o treinador, de
25 anos, sofrem de exaustão e desnutrição, por causa dos nove dias isolados
antes de serem encontrados. E três deles têm problemas intestinais, segundo um
mergulhador.
— Se você pede a um garoto de 11
anos que faça um mergulho em que um ex-Seal da Marinha especializado teria
dificuldades, algumas crianças vão morrer — advertiu, à CNN, o ex-membro de
elite da Marinha americana Cade Courtley.
Os receios sobre o resgate fazem
a força-tarefa reforçar a busca por chaminés que sirvam de atalho para tirar o
time sem mergulhar. Como os meninos respiram normalmente após duas semanas no
ambiente, onde o ar é rarefeito, autoridades acreditam ser “muito provável” que
haja chaminés ligando a caverna ao exterior.
Enquanto isso, o clima é de
otimismo entre os garotos, todos fãs de futebol.
— Sempre perguntam sobre a Copa
do Mundo. Disse a eles que as grandes seleções tinham ido para casa — disse um
socorrista ao jornal britânico “Guardian”.