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Louise Queiroga, de Agência O Globo
Vídeos de mulheres sofrendo assédio sexual dentro de ônibus
em Recife, disponíveis em um site de conteúdo pornográfico, estão gerando
indignação e uma enxurrada de comentários contra a violência à mulher nas redes
sociais.
As imagens foram publicadas pelo usuário
"Observadorrecife", que se identifica como um homem de 27 anos. Um
dos vídeos, chamado "Encoxando o braço da novinha parte 02", possui
mais de 400 mil visualizações e tem quatro minutos de duração. As mulheres
expostas nas imagens não percebem que estão sendo filmadas.
O perfil do assediador possui 1,3 mil inscritos e está
ativo desde 5 de janeiro de 2016. O caso, porém, veio à tona a partir de um
post no Twitter na última sexta-feira.
Nos comentários, o Observadorrecife escreveu que "não
importa o que digam", ele vai "continuar fazendo isso" e que
espera "um dia encontrar suas mães, irmãs, namoradas, primas...etc".
Embora os vídeos estejam disponíveis na web, a Delegacia de
Polícia de Repressão aos Crimes Cibernéticos informou que nesse caso de crime
contra a honra, o registro deve ser feito na delegacia mais próxima ao autor da
denúncia.
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A jovem que divulgou prints dos vídeos de assédio no
Twitter conversou pelo telefone com o EXTRA na manhã desta segunda-feira e
contou estar bastante assustada com a repercussão. Por ter medo de represálias
contra ela ou sua família, ela explicou que não procurou uma delegacia para
registrar ocorrência.
— Fui a pessoa que botou isso no ar, a visibilidade é
arriscada, porque não é uma denúncia light, porque podem me ver como alvo para
fazer algum mal. Tem gente com mais autoridade que está sabendo do caso, então
acho que poderia já estar sendo investigado — disse.
Seu objetivo em fazer o post era alertar outras mulheres
sobre o risco que correm quando utilizam o transporte público. Ela ressaltou
ainda sentir preocupação de o autor dos vídeos não poder depois ser rastreado
porque ele já ter começado a excluí-los.
— Eu estava mexendo no celular normalmente e vi uma piada
com um print desse em um aplicativo. Achei isso muito grave e pensei:
"Será que é verdade mesmo?" Fui atrás e encontrei no site. E é aqui
mesmo em Recife. Fiz o post no Twitter sem intenção de viralizar, foi mais para
avisar e tal. Porque apesar de não ter sido comigo, queria espalhar para as
pessoas ficarem atentas — afirmou. — Esse ato que fiz foi muito empoderador,
mas também é arriscado. Fiquei muito assustada com a repercussão nas redes.
Após seu post ter sido compartilhado mais de 6 mil vezes, a
jovem disse ter recebido mensagens de muitas mulheres que já sofreram assédio
sexual na rua, mas também de homens pedindo desculpas e internautas a
parabenizando pela atitude. Aliás, ela própria relatou "duas situações
constrangedoras" pelas quais passou ao longo da adolescência.
— Assédio na rua é constrangedor. Na época não fiz nada,
porque tem essa questão do medo, tenho muito esse medo (de denunciar). Tem
muita gente que diz que é por causa da roupa (que mulheres são assediadas), mas
da primeira vez, nem estava usando nada demais, porque estava indo para escola.
Estava de uniforme, usando uma calça. Não olhei direito, quis andar mais
rápido. Ele, que estava em cima de uma moto, não falou nada, mas eu vi que
estava se masturbando e já estava ejaculando — relatou.
Quanto à segunda vez, ela disse que estava em uma parada de
ônibus e, quando um carro da polícia se aproximou, o homem saiu do local.
— Eu achei que ele estivesse pedindo informação, mas não
era isso. Muita gente só se ligou do que estava acontecendo quando passou um
carro da polícia — contou. — E isso fora as outras coisas, como cantadinhas —
completou.