Na hora do aperto, as
contas de energia e água estão sendo deixadas de lado entre os brasileiros.
Segundo dados do SPC Brasil, o calote nesses débitos subiu 7,6% nos 12 meses
encerrados em julho. No mesmo período, as dívidas bancárias – como cheque
especial, empréstimos pessoais e cartão de crédito – subiram 6,9%.
A decisão
sobre qual conta atrasar, segundo o SPC e a Serasa Brasil, está ligada ao fato
de que os juros, nas contas de água e luz, serem bem mais baixos do que os
cobrados em débitos ligados a instituições financeiras. Além dos juros mais
baixos, o reajuste das contas básicas superou – e muito – a inflação. Enquanto
o IPCA, principal índice de inflação, subiu 4,48% nos 12 meses acumulados até
julho, a inflação da energia elétrica medida pelo IBGE subiu 18,02%.
Desta
forma, o Brasil formou uma legião de “equilibristas” de contas, de acordo com a
economista-chefe do SPC, Marcela Kawauti “O jeito é manter algumas contas em
dia, enquanto o orçamento está apertado.”
É justamente isso o
que tem feito a viúva Rita A., de 52 anos, que pediu para ter a identidade
preservada. Em alguns meses, a conta de luz é a eleita para ser paga depois; em
outros, os boletos do condomínio ou do telefone ficam na gaveta. A situação
ficou mais complicada há poucos meses, quando uma carta de cobrança chegou com
a informação de que ela devia cerca de R$ 9 mil do financiamento de seu apartamento.
“Meu filho
estava na faculdade e precisou sair do trabalho para poder estagiar, então
deixei de pagar as parcelas do imóvel e só voltei a pagar quando ele já estava
formado e trabalhando. Agora, tenho tentado pagar uma das parcelas atrasadas e uma
das atuais por mês.”
Causa – Para Gireffe Contini,
gerente do Serasa Consumidor, o desemprego é a principal variável que eleva o
total de inadimplentes no País. A taxa de desemprego no segundo trimestre ficou
em 12,4%, segundo o IBGE. No fim do primeiro trimestre, um trabalhador da
Grande São Paulo levava quase um ano procurando emprego, em média, aponta a
Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese).
Segundo a
economista Juliana Inhasz, do Insper, a inadimplência acaba se tornando crônica
pelos altos juros. Desta forma, as prestações atrasadas acabam explodindo de
valor.
Estado de São Paulo