Reproduçãi/Pixabay |
No mundo, dentre todos os fatores de risco para
desenvolvimento de câncer, o hábito de fumar é o mais associado com mortalidade
pela doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o tabagismo é
responsável pela morte por câncer de 6 milhões de pessoas a cada ano, e também
de outras doenças, como enfisema e bronquite. O cigarro chega a apresentar mais
de 7 mil produtos químicos, sendo pelo menos 250 reconhecidamente prejudiciais
e mais de 50 com potencial de causar câncer. Segundo a OMS, caso a população
mundial deixasse de fumar, mais de um terço de todos os casos de câncer seriam
evitados.
A relação entre tabaco e câncer é mais prevalente quando o
assunto é câncer de pulmão. O tabagismo é responsável direto por 80% a 90% dos
casos de tumores pulmonares. Por sua vez, nesta quarta, dia 29, data em que é
celebrado o Dia Nacional do Combate ao Fumo, o alerta à sociedade precisa ser
mais amplo. O consumo de cigarro é também refletido na incidência de câncer de
esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga, mama e em tumores da região de cabeça
e pescoço, como boca, laringe e garganta. "O tabagismo é o principal vilão
dos tumores de cabeça e pescoço. Para alguns subtipos, a relação direta entre o
consumo de cigarro ou seus derivados é de cerca de 90%", destaca o cirurgião
oncologista do Departamento de Cabeça e Pescoço e Líder do Departamento de
Medicina Preventiva do A.C.Camargo, Thiago Celestino Chulam.
De acordo com o especialista, os cânceres nesses órgãos
são, na maioria dos casos, diagnosticados em fase avançada da doença. "O
diagnóstico tardio desses tumores ocorre em 75% dos casos". Um dos fatores
para o atraso na descoberta, explica Chulam, é a negligência dos sintomas.
"É comum que o fumante tenha convivido muitos anos com rouquidão, falta de
ar, asma e outros sinais. Com isso, ele não associa a evolução desse quadro com
o possível desenvolvimento de um câncer", observa.
A partir de estudo publicado em 2011 no The New England
Journal of Medicine, uma série de outros trabalhos tem demonstrado a eficácia
de se realizar exames de tomografia computadorizada de baixa dose em fumantes
classificados como pertencentes ao grupo de risco para desenvolvimento de
câncer, que é composto por aqueles que possuem uma carga média de exposição de
30 maços por ano, ainda fumantes ou que pararam de fumar há menos de 15 anos e
que estão entre 55 anos e 74 anos. A estratégia tem o potencial de, nessa
população, reduzir em 20% a mortalidade por câncer de pulmão.
No Brasil, o destaque fica por conta das eficazes medidas
antifumo implantadas nos últimos anos, dentre elas a proibição da propaganda e
do fumo em locais fechados; a inserção de imagens impactantes nos maços; a
maior taxação dos preços dos cigarros; assim como a realização de campanhas de
conscientização sobre os males do tabagismo. Segundo o Ministério da Saúde,
cerca de 10% da população é fumante, o índice é menos da metade do registrado
há duas décadas. Por sua vez, embora o cerco ao tabagismo tenha trazido esses
resultados positivos, é alta a prevalência de adolescentes que são consumidores
dos produtos da indústria do tabaco, como o narguilé.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2017, indicam que
212 mil brasileiros maiores de 18 anos admitem usar narguilé, sendo que nos
últimos sete anos mais que dobrou o uso de narguilé entre homens jovens (entre
18 e 24 anos). O consumo de narguilé, costumeiramente, é compartilhado, com os
jovens fazendo uma rodinha em torno do produto, permanecendo assim entre 20 a
80 minutos. "Em uma sessão de narguilé, o consumo é o equivalente ao de
cem cigarros", alerta o cirurgião.
Assim como o uso de cigarros, o narguilé contribui para o
surgimento de doenças respiratórias, coronarianas e diferentes tipos de câncer.
O compartilhamento do produto também pode acarretar a transmissão de doenças
infectocontagiosas como herpes, hepatite C e tuberculose.
Terra/Consultoria:
A.C.Camargo Cancer Center
Tópicos:
SAÚDE