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Foto: Reprodução/EBC |
Agência O Globo
A 22 dias da
Black Friday, as grandes redes de varejo já começam anunciar promoções,
antecipando o que se espera para a megaliquidação, de inspiração americana,
marcada para 23 de novembro. A expectativa é que haja um crescimento no
faturamento de 15%, em relação à edição do ano passado, para R$ 2,4 bilhões,
segundo o Ebit, consultoria especializada em informações sobre comércio
eletrônico.
Nove entre
dez consumidores que foram às compras na Black Friday em 2017 afirmam que
repetiriam a dose este ano. É o que aponta pesquisa feita pelo Zoom, site e app
comparador de preços de produtos, com nove mil internautas, divulgada com
exclusividade pelo GLOBO. Se no geral há satisfação com a experiência da última
edição, entre os consumidores que relataram problemas com a megaliquidação, os
atrasos na entrega foram os mais frequentes (55%). A segunda maior queixa é a
falta de estoque, relatada por 29% dos entrevistados.
Matheus
Soutto, desenvolvedor de sistemas, teve os dois problemas no ano passado ao
comprar um headphone, no site Lafio (atualmente fora do ar), que estava
abrigado na página Americanas.com. Às vésperas da entrega, marcada para 21 de
dezembro, foi informado de que haveria atraso. Prazo estourado, Soutto foi
notificado que não havia mais o produto em estoque, e a única solução seria cancelar
a compra.
— Não pedi o
cancelamento, reclamei, esperei, fiz de tudo. Eles arbitrariamente cancelaram
meu pedido e me reembolsaram só em janeiro. Saí prejudicado — queixa-se Soutto.
A
Americanas.com reconheceu o “equívoco no atendimento” e informou não trabalhar
mais com aquele parceiro.
Pelo segundo
ano, os chamados marketplaces — , área do site de grandes varejistas em que são
vendidos produtos distribuídos por outras empresas — estão no radar do
Procon-SP. Bruno Stroebel, supervisor de fiscalização do órgão, recomenda que
os consumidores redobrem a atenção e verifiquem quem de fato será o fornecedor.
— As
pessoas, muitas vezes, não se dão contam e acabam se assustando ao receber um
produto da loja do seu José, quando acham que compraram numa grande rede. Pelo
Código de Defesa do Consumidor, a loja âncora tem corresponsabilidade, caso
aconteça algum problema, mas é melhor sempre se prevenir — diz Stroebel.
Atenção
aos prazos
O estudante
Victor Hugo Gonçalves redobrou a atenção com o prazo de entrega após a edição
de 2016. Ele havia comprado um celular no Submarino.com um dia antes da Black
Friday. Diante da promoção, decidiu cancelar a operação e fazer nova compra. O
primeiro aparelho, adquirido na quinta-feira, véspera da Black Friday, chegou
em três dias e foi devolvido, enquanto o celular da compra de sexta-feira só
chegou passados cerca de 20 dias.
— Vinha
pesquisando preços e nem me dei conta da mudança de prazo. O padrão era de sete
dias, mas, às vésperas da promoção, passou para 22 dias — diz Gonçalves.
Procurado, o
Submarino. com disse ter feito a entrega após cinco dias. Gonçalvez, no
entanto, nega a informação.
— Quem está
pensando em antecipar as compras de Natal deve levar em consideração se há uma
margem segura para imprevistos. Além disso, é preciso se informar previamente
para comprar um produto adequado a sua necessidade — diz Nayla Pires, executiva
do Zoom, acrescentando que a plataforma oferece consultoria de especialistas.
A pouco
menos de um mês da Black Friday, Stroebel diz que o momento é, de fato, de
iniciar a pesquisa sobre preços e de juntar provas:
— Quando
falo em pesquisa, não é só do valor, mas da qualidade dos produtos e da
reputação das empresas. É importante, ao encontrar o produto desejado, fazer um
print das páginas para que, se houver fraude, seja possível brigar pelo seu
direito. No dia mesmo da promoção, há uma pressão enorme para que a compra seja
feita por impulso, e quem não pesquisou pode acabar não fazendo o melhor
negócio.
Risco de
fraude
Mais do que
o risco de falsos descontos, os especialistas alertam sobre os sites
fraudulentos e os links maliciosos que se multiplicam durante a Black Friday,
com um único objetivo: roubar dados bancários. Na última semana, a PSafe,
fabricante de antivírus, identificou 12 sites, além de páginas falsas em redes
sociais, com ofertas vinculadas à promoção.
A Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) vai lançar, na segunda quinzena de novembro,
nas redes sociais, uma campanha de alerta sobre golpes, com orientação sobre
como evitá-los.
Entre as
principais recomendações está não clicar em links, principalmente se vierem em
e-mails não solicitados. Ao clicar em um link desconhecido, o consumidor pode
ser direcionado para uma página falsa, ou até instalar aplicativos maliciosos
na sua máquina.
Caso receba
uma ligação para confirmação de suposta compra no seu cartão, a qual não
reconheça, a Febraban orienta não informar dados pessoais nem digitar sua senha
ao telefone. Antes de fazer uma ligação para o banco, é preciso verificar se há
sinal de discagem no seu telefone. A instituição alerta para o fato de que
fraudadores podem usar técnicas para deixar a linha presa, para que o
consumidor acredite que ligou para seu banco e forneça seus dados.
Orientações
para antes, durante e depois da compra
Pesquise: O momento é de pesquisar: cheque
preços em lojas físicas e on-line. Lembre que sites de comparação de preços
costumam ter o histórico do valor do produto nos últimos meses, o que permite
conferir se o desconto é vantajoso.
Reputação: Durante a pesquisa, além de preço,
investigue a reputação da empresa e do produto. Confira a lista de sites
não recomendados do Procon-Ba.
Guarde
provas: Durante a pesquisa, tire print das páginas em que encontrou os melhores
preços. Se os valores mudarem, você terá como comprovar a fraude. Também é
importante documentar cada uma das fases da compra. Em caso de cancelamento
pela empresa, é importante ter em mãos o máximo de provas para facilitar a
reposição do produto ou, se for necessário, ir à Justiça.
Atenção: Lembre que, nessa época, são
criados muitos sites falsos, que reproduzem de maneira quase idêntica as
páginas de grandes varejistas, a fim de realizar vendas fraudulentas. Cuidado
ao clicar em links enviados por redes sociais, ele podem ser iscas para roubar
seus dados.
Prazo: Antes de fechar a compra, atenção à
data de entrega. Muitas empresas chegam a triplicar o prazo durante a promoção.
Problemas: Se algo der errado, reclame à
empresa e registre queixa no Procon.
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Estagiário, sob a supervisão de Luciana Casemiro