Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil |
Sob possível
ameaça à perda de um direito conquistado após decisão do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) em 2013, casais gays LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis
e transexuais) estão antecipando seus casamentos, segundo reportagem do jornal
Folha de S. Paulo publicada nesta segunda-feira (5).
É o que
fizeram Érica Pascoal, 27, e Yandra de Andrade, 30, que, diante da eleição de
Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, resolveram dar o “sim” às pressas, no dia
31 de outubro. Não fosse isso, selariam a união estável no segundo semestre de
2019.
“O resultado
da eleição foi fator decisivo para assinar esse papel antes da posse de
Bolsonaro. Esse papel assinado agora foi um grito e a nossa forma de dizer que
a gente existe para parte de uma sociedade que nos classifica como de segunda
categoria”, disse Érica.
O temor dos
casais não encontra base nas propostas do futuro governo, mas nas declarações
de seu comandante, destaca a publicação. A exemplo de uma afirmação feita em
2013, logo após o CNJ mandar os cartórios oficializarem casamentos de pessoas
do mesmo sexo. “Está bem claro na Constituição: a união familiar é [entre] um
homem e uma mulher. Essas decisões só vêm solapar a unidade familiar, os
valores familiares. Vai jogar tudo isso por terra”, disse Bolsonaro à época.
Na contramão
do modelo do que chamam de “família-margarina” —“mamãe, papai e filhinhos”—
defendida pelo novo presidente, o psicólogo João Burnier, 41, e o fotógrafo
Henrique de Paiva, 24, relembram o posicionamento de Bolsonaro quanto à
questão. “No primeiro discurso como eleito, ele põe a mão na Bíblia e diz que
vai governar para uma família que não é a nossa. Isso ascendeu o alerta para
corrermos por um direito que ainda está aí”, diz Burnier.
Segundo a
Folha, no país, os casamentos entre gays e lésbicas cresceram 60% de 2013 a
2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O jornal
paulista também cita dados do Colégio Notarial do Brasil, cujos números mostram
que o estado de SP manteve neste ano média de 32 pedidos concedidos de união
estável homoafetiva por mês.