Os
reservatórios do Rio São Francisco passaram a liberar mais água nesta
terça-feira (18). A hidrelétrica de Três Marias (MG) passou a liberar pelo
menos 120 metros cúbicos por segundo, em vez do patamar mínimo de 100 m³/s que
vinha sendo praticado. A partir de 1º de janeiro de 2019, a vazão mínima
defluente subirá para 150 m³/s, limite mínimo de operação para Três Marias na
atual situação de armazenamento. A medida tem o objetivo de atender aos usos
múltiplos da água no trecho entre os reservatórios de Três Marias e Sobradinho
(BA).
Em 17 de
dezembro, Três Marias tinha um volume útil de 49,56%, acima dos 16,17%
acumulados na mesma data há um ano. No caso de Sobradinho, maior reservatório
da bacia do São Francisco, a situação também melhorou consideravelmente no
último ano, já que o volume útil em 17 de dezembro de 2017 era de 4,06%. Este
ano, na mesma data, o volume útil estava em 30,1% no reservatório baiano.
Para o
reservatório de Xingó (AL/SE), a vazão que passará por ele subiiu de uma média
mensal de 600 m³/s para 700 m³/s desde ontem. Para que mais água chegue, o
reservatório da hidrelétrica Luiz Gonzaga (Itaparica) contribuirá com Xingó
utilizando seu ganho de armazenamento de água, desde que Itaparica mantenha um
volume útil de pelo menos 30%. Em 17 de dezembro, o reservatório da
hidrelétrica Luiz Gonzaga estava com 34,63% de seu volume útil. Um ano antes, o
volume útil era de 9,81%.
Outra
mudança decidida durante a última reunião da Sala de Crise da Bacia do Rio São
Francisco (no dia 17/12) foi a operação com 700 m³/s em Xingó a partir de 1º de
janeiro com contribuição simultânea das águas de Sobradinho e Itaparica – neste
reservatório deverá ser mantido um volume mínimo de pelo menos 30%. Esta medida
busca atender aos usos múltiplos, principalmente do Baixo São Francisco, região
que vem passando por escassez hídrica nos últimos anos.
Perspectiva
Para o
diretor da Área de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Ney Maranhão,
há uma perspectiva de aumento da liberação de água pelos reservatórios do São
Francisco, o que dependerá das chuvas dos próximos meses. “O que nós estamos
decidindo é que a partir de maio nós podemos aumentar a defluência, conforme a
estação chuvosa”, afirmou. Segundo o dirigente da ANA, a Sala de Crise da Bacia
do Rio São Francisco é um exemplo de gestão descentralizada de recursos
hídricos. “É uma evolução no processo de construção coletiva da gestão de
recursos hídricos no Brasil. Hoje a bacia aprendeu a trabalhar em conjunto. As
reuniões são mais serenas, com menos disputas, e a estratégia de condução da
gestão de recursos hídricos do rio São Francisco dentro dessa crise está hoje
pacificada. Todos atuam convergentemente para ajudar a resolver o problema”,
destacou Maranhão. As informações são da assessoria da ANA.
Carlos Britto