Foto: Humberto Jantim/Arquivo pessoal |
SOROCABA – O
engenheiro Humberto Jantim Neto, é um consumidor que produz a própria energia
elétrica no telhado de casa, em Piedade, no interior de São Paulo. Essa
autoprodução vem da transformação da energia solar em energia elétrica por meio
das placas fotovoltaicas e dispositivos que adequam a corrente elétrica no
mesmo padrão da energia convencional fornecida pela companhia de energia.
A miniusina
do engenheiro é composta por dez painéis solares (fotovoltaicos) que são
capazes de gerar uma média mensal de 450 kWh. “Antes de adotar o sistema, a
conta de luz apresentava uma fatura de R$ 310 por mês. Após a montagem das
placas sobre o telhado, meu gasto mensal caiu para R$ 35, uma expressiva
economia”, disse.
Ele explica
que o mecanismo é simples: quando há luz solar, as células fotovoltaicas
presentes nas placas são estimuladas e há geração de corrente elétrica que, ao
passar por um dispositivo denominado inversor, é padronizado para o consumo em
qualquer eletrodoméstico, como televisão, chuveiro, geladeira, e todo sistema
de iluminação da casa.
“Quando
ocorre a geração solar fotovoltaica, parte da energia é consumida imediatamente
na casa, ou seja, é realizado o autoconsumo imediato. A outra parte não
consumida naquele momento é injetada na rede de distribuição da companhia de
energia”, acrescenta.
Dessa forma,
durante a noite, quando o sistema está inoperante, a residência “captura” de
volta essa energia que sobrou durante o dia. “É um mecanismo de compensação.
Todo fluxo energético, injetado e consumido é registrado na conta de luz”,
explica. Segundo Jantim Neto, o sistema tem durabilidade aproximada de 30 anos,
mas se paga em quatro. O projeto foi instalado em agosto de 2016, a um custo de
R$ 15 mil.
O engenheiro
compartilha a energia que gera no telhado de sua casa com a oficina do pai, que
fica ao lado. “Ele fica com 170 kwh e também economiza.” De acordo com Jantim
Neto, que também presta consultoria na área, a energia fotovoltaica já tem 50
mil sistemas em geração no Brasil.
Ele acredita
que os consumidores estão se encorajando a investir em autoprodução porque as
tarifas da energia elétrica estão mais altas. “Temos tido revisões tarifárias
anuais da ordem de 18% a 23% nas concessionárias. Sem contar a implicação das
bandeiras tarifárias que também influenciam. Se chove menos, os reservatórios
das hidrelétricas operam em baixa e há a ligação das termoelétricas, o que
eleva o custo. As pessoas sentem o impacto no bolso e buscam
alternativas."
Nesta
terça-feira, 22, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) começa a rever
uma regra que concede subsídio para consumidores que instalam painéis solares
(fotovoltaicos) em suas casas. Criada em 2012 para incentivar a geração
distribuída, ela confere redução de 80% a 90% nas contas de luz desses
usuários.
José Maria Tomazela, O Estado de
S.Paulo