Divulgação |
Ana Lucia Azevedo, da Agência O Globo
As primeiras
imagens do rompimento da barragem da Mina Córrego de Feijão, em Brumadinho
(MG), na tarde desta sexta-feira revelaram um mar de lama que arrasou grandes
porções de terras. A língua portuguesa não tem palavra que defina com exatidão
o que é a lama de rejeito de mineração. O rejeito é constituído basicamente de
restos de minério de ferro, aminas (compostos orgânicos derivados da amônia e
usados na separação do minério) e sílica. Quando uma barragem se rompe, uma
onda se forma e se torna uma máquina de moer morros, prédios, trens e árvores.
Pessoas e animais são triturados pelo rejeito.
O material,
como a cidade de Mariana testemunha, é instável e se comporta tanto como sólido
quanto como líquido. Quando molhado, aprisiona pessoas e animais, que quanto
mais tentam se livrar, mais afundam. Seco na superfície, se torna uma
armadilha.
Nas semanas
seguintes ao rompimento da barragem de Fundão, Bento Rodrigues se tornou um
colossal campo de terreno movediço, com consistência de gelatina, que se rompia
em fração de segundos e engolia o que estivesse em cima. Por isso, o resgate
pode ser difícil e perigoso.
O volume de
rejeito desta vez, segundo relatos iniciais, é bem menor. Cerca de três milhões
de metros cúbicos - em Mariana, vazaram 45 milhões de m³ que permanecem, na
quase totalidade, onde foram deixados pela onda do desastre. Esse tipo de
material é extremamente difícil de ser removido e continuará a contaminar os
rios por décadas.