Foto:Bárbara Leite/arquivo pessoal |
Um piercing no nariz mudou completamente a história de
vida da brasiliense Layane Dias, de 21 anos. O furo acabou infeccionando e,
hoje, a estudante de Recursos Humanos precisa de uma cadeira para se
movimentar, pois ficou sem os movimentos do peito para baixo. Em conversa com
AnaMaria, ela conta a sua história.
“Tudo começou em junho de 2018, quando decidi furar o
nariz. Pouco mais de um mês após a aplicação, uma bolinha vermelha nasceu na
ponta do meu nariz, como se fosse uma espinha, mas ela desapareceu em uma
semana. No entanto, dois dias após esse ‘sumiço’, comecei a sentir fortes dores
nas costas.
Na época, tinha acabado de conseguir um estágio na minha
área e fui comemorar em um barzinho com algumas amigas. Como dancei e me
diverti bastante, achei que as dores pudessem ser por conta disso. Mas elas
pioraram.”
DIFICULDADE DE DIAGNÓSTICO
“Decidi procurar um posto de saúde, e me deram algumas
injeções para eliminar a dor, mas o efeito não durava muito. Os dias foram
passando e, já no final daquela semana, após conseguir dormir com a ajuda de
remédios, acordei e não conseguia mais sentir as pernas.
Acabei internada para uma investigação, que não
encontrava nada. Foram os piores dias da minha vida, até que um exame de sangue
indicou uma infecção. Com a ajuda de uma ressonância de contraste, os médicos
enxergaram 500ml de pus contraindo a minha medula espinhal. Era por isso que eu
sentia tantas dores e não conseguia mais movimentar a parte de baixo do meu
corpo.
Apesar de uma cirurgia de emergência ter sido realizada,
não conseguia mais andar. Essa foi a pior parte, pois não imaginava que fosse
voltar de cadeira de rodas para casa.”
OUTRA VIDA
“No começo foi muito difícil, pois achei que nunca mais
seria feliz de novo. Mas no meu aniversário do ano passado, em 11 de novembro,
decidi que as alternativas eram: ficar prostrada na cama ou viver a minha vida.
Fui na segunda opção.
Já pensei muito sobre o dia em que coloquei o piercing.
No começo, bateu um arrependimento forte, principalmente quando descobri que
ele foi o culpado da minha situação. Mas hoje eu acredito que tudo tem um
propósito, e já não tenho sentimentos ruins sobre isso.
Meu conselho para todo mundo é: procure saber como é a
esterilização do local onde você vai colocar seu piercing, pois eu mesma não
fazia ideia disso. De forma alguma quero que as pessoas tenham medo ou pavor
disso, mas peço que prestem atenção e que esses profissionais dos estúdios
cuidem melhor de seus clientes, para que isso o que aconteceu comigo jamais
ocorra novamente.”
ISSO É COMUM?
De acordo com o infectologista Felipe Tuon, que é
professor do Adjunto de Infectologia da Pontifícia Universidade Católica
(PUC-PR), casos como o de Layane são extremamente raros, mas podem acontecer
por uma série de fatores, como as condições de higiene do estúdio onde ocorreu
a perfuração e o próprio organismo da pessoa.
“Muito provavelmente ela já possuía uma grande quantidade
dessas bactérias no nariz e, ao furar o local, elas encontraram uma forma de
chegar até a corrente sanguínea e se proliferarem”, diz o médico, que acredita
que a tal bolinha que apareceu na ponta do nariz da garota já era, na
realidade, a inflamação.
Segundo Tuon, esse tipo de complicação pode ocorrer
quando o piercing é aplicado de maneira incorreta, além do uso de produtos
esterilizados de forma inadequada.
COMO EVITAR?
Além de prestar atenção na higiene do estúdio onde você
pretende colocar seu piercing, o médico aconselha fazer uma assepsia adequada
no local, principalmente nos primeiros dias após a perfuração. “Uma limpeza
feita com água, sabão e antissépticos é o ideal para a ajudar essa
cicatrização, evitando que bactérias oportunistas como essa se proliferem”,
ressalta o médico.
Fonte: Beatriz Moraes/Ana Maria
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