Há algumas semanas, o surto de uma doença deixou em
alerta pais e educadores. Na cidade de Nazaré, no Recôncavo da Bahia, 26 casos
da síndrome conhecida como ‘Mão-Pé-Boca’ foram registrados. Em Salvador, uma
média de cinco crianças têm passado diariamente no Hospital Santa Izabel, com
os sintomas da doença, segundo o portal G1.
Em Camaçari, casos notificados estão sendo investigados
pela Vigilância Epidemiológica. Nossa reportagem conversou com Alcione
Vasconcelos, Diretora de Vigilância em Saúde de Camaçari, Ana Paula Nogueira,
da Coordenação de Vigilância Epidemiológica e Eloisa Bacelar, da Área Técnica
de Doenças Exantemáticas. Elas contaram que um alerta já foi enviado para as
unidades de saúde da rede e será encaminhado para as escolas e creches da rede
pública e privada e que a doença está sendo monitorada.
O que é?
De acordo com o material emitido pela Diretoria de
Vigilância em Saúde de Camaçari, a síndrome ou doença Mão-Pé-Boca é um agravo
contagioso causado pelo vírus Coxsackie A16, pertencente à família dos
enterovírus que habitam normalmente no sistema digestivo. Em sua maioria, a
doença se manifesta mais frequentemente em crianças, especialmente as com idade
entre 6 meses e 3 anos, como explicou Eloisa.
A principal característica da síndrome é o aparecimento
de manchas avermelhadas que posteriormente podem virar bolhas dentro ou fora da
boca, nas palmas das mãos e nos pés. A doença também pode provocar estomatite,
uma espécie de afta.
Sinais característicos
Ainda de acordo com Eloisa Bacelar, no início, a doença
Mão-Pé-Boca pode provocar febre alta e alguns dias depois surgem manchas
vermelhas na boca, amídalas e faringe que podem evoluir para aftas muito
dolorosas e gânglios aumentados no pescoço. As bolhas são o terceiro estágio e
aparecem em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.
A doença ainda pode provocar mal-estar, falta de apetite,
dor de cabeça, vômitos e diarreia. As complicações são pouco frequentes, porém
a mais comum delas é a desidratação, especialmente nas crianças.
Transmissão
A síndrome Mão-Pé-Boca é transmitida pela via oral,
através do contato direto com secreções da via respiratória (saliva, tosse,
espirro), com as feridas que se formam nas mãos e nos pés e que tenham
estourado, ou ainda pelo contato com as fezes da pessoa infectada. O período de
maior transmissão da doença ocorre durante a primeira semana.
Porém é importante destacar que mesmo após a recuperação
do indivíduo, o vírus ainda pode ser transmitido através das fezes por cerca de
quatro semanas. Segundo o alerta da Diretoria de Vigilância em Saúde, crianças
infectadas podem eliminar o vírus pelas fezes, mesmo após já terem desaparecido
as lesões da boca, pés e mãos.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas,
localização e aparência das lesões. Em alguns casos, os exames de fezes e a
sorologia (exame de sangue) podem ajudar a identificar o tipo de vírus causador
da infecção.
É muito importante também estabelecer o diagnóstico
diferencial com outras doenças que também provocam estomatites aftosas ou
vesículas na pele.
Tratamento
Apesar de esta não ser uma doença nova, não existe ainda
uma vacina contra a síndrome Mão-Pé-Boca. Alcione Vasconcelos explica que a
doença não é de notificação compulsória, como a dengue, por exemplo, mas que
está sendo acompanhada para avaliar a evolução.
A Mão-Pé-Boca não é considerada uma doença grave e quase
todos os acometidos por ela se recuperam de sete a dez dias. Raramente pode
acontecer de uma pessoa infectada desenvolver meningite viral e necessitar ser
hospitalizado.
Prevenção
O ponto mais importante desta doença é a prevenção. É
indispensável lavar as mãos com água e sabão, especialmente antes e depois de
lidar com o indivíduo infectado, e nas trocas de fralda, já que a transmissão
se dá também pelas fezes. Se a criança doente puder ir ao banheiro sozinha, é
importante orienta-la a lavar bem as mãos, mesmo depois de curada.
Evitar contato muito próximo, como beijar ou abraçar
pessoas com problemas de Mão-Pé-Boca; cobrir a boca ao espirrar ou tossir;
manter um nível adequado de higienização da casa, creches e escolas; não
compartilhar mamadeiras, talheres e copos.
Ana Paula Nogueira destaca que as crianças infectadas
devem ser afastadas da escola até o desaparecimento dos sintomas (geralmente de
5 a 7 dias). Como as crianças têm o hábito de colocar a mão na boca, as
superfícies, objetos e brinquedos que tiveram contato com as secreções dos
indivíduos doentes devem ser limpas frequentemente. A higienização deve ser
feita com água e sabão, além de uma solução feita com uma colher de sopa de
água sanitária diluída em quatro copos de água limpa.
As fraldas e lenços de limpeza devem ser descartados em
recipiente ou lixeiras fechadas.
Camaçari Notícias