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Até o final desta segunda-feira (29), a humanidade terá
superado o orçamento do meio
ambiente para o ano, passando a operar no vermelho. Em sete meses,
esgotamos todos os recursos que a Terra é capaz de
oferecer de forma sustentável no
período de um ano, desde a filtragem de gás carbônico (CO2) da atmosfera até a produção
de energia e matérias-primas para fabricação de bens de consumo.
A conta é do Global Footprint Network (GFN), uma
organização de pesquisa que mede a chamada Pegada Ecológica das atividades
humanas no mundo. O cálculo da Pegada Ecológica leva em conta a quantidade de
área terrestre e marinha necessária para produzir todos os recursos consumidos
por uma população e para absorver seus resíduos.
Mantido o ritmo atual de produção e consumo, até o fim
2019, teremos consumido 1,7 planeta Terra, um apetite insustentável no longo
prazo. Em outras palavras, a humanidade está utilizando a natureza de forma
mais rápida do que os ecossistemas do nosso planeta podem se regenerar.
A diferença entre a capacidade de regeneração da Terra e
o consumo humano, intensivo em energia e materiais, gera um saldo ecológico
negativo que vem se acumulando desde a década de 80, também estimulado pelo
crescimento populacional — já somos 7 bilhões de habitantes no mundo e até o
final do século, seremos 11 bilhões. Projeções moderadas das Nações Unidas para
o aumento da população e do consumo indicam que em 2030 precisaríamos da
capacidade de duas Terras para acompanhar nosso nível de demanda por recursos
naturais.
“Para a economia, isso significa grandes prejuízos e
maiores riscos aos investimentos. Para as pessoas, significa preços mais altos
dos alimentos, maiores chances de contrair doenças e perda de bens e de
vidas.
Na prática, estamos deixando o mundo mais poluído, mais inóspito e
mais pobre em biodiversidade”, diz Renata Camargo, especialista em Conservação
do WWF-Brasil, entidade parceira do GFN.
Pior, entramos no vermelho cada vez mais cedo. Em 1975, o
saldo negativo foi atingido em 28 de novembro, quase “empatando” com a
capacidade regenerativa da Terra. Em pouco mais de três décadas, o “cheque
especial” foi antecipado, para 8 de agosto, em 2016. No ano passado, foi para
1º de agosto. A data de 29 de julho em 2019 é a mais cedo desde que o planeta
entrou em déficit ecológico no início dos anos 1970.
Os custos desse desequilíbrio incluem taxas galopantes de
desmatamento, colapso pesqueiro, escassez de água doce, poluição atmosférica e
hídrica, erosão do solo, perda de biodiversidade e acúmulo de dióxido de
carbono na atmosfera.
Tudo isso leva a mudanças climáticas e ambientais mais
severas, com consequências conhecidas: secas, inundações, aumento na quantidade
e intensidade dos incêndios florestais e furacões. Em quatro décadas, desastres
naturais causaram cerca de 2 milhões de mortes e danos econômicos
superiores de quase 3 trilhões de dólares globalmente, mais que um Brasil em
PIB, segundo a ONU.
Exame.com
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