Foto: Divulgação (ilustrativa) |
Evelin Azevedo, da Agência O Globo
O Instagram
decidiu, na última quarta-feira, que não será mais possível ver quantas
curtidas os amigos receberam em suas fotos. Desde então, o debate sobre a
exposição nas redes sociais esquentou. A esperança é que a medida contribua
para a diminuição de “disputas” que possam prejudicar a saúde mental de quem
usa a plataforma. A rede social afirmou que esta foi uma maneira de fazer com
que os usuários não “sintam que estão em uma competição” e que a “expectativa é
entender se uma mudança desse tipo poderia ajudar as pessoas a focarem menos
nas curtidas e mais em contarem suas histórias”.
Na visão do
psiquiatra Jorge Jaber, ainda é cedo para afirmar que a mudança trará impactos
positivos para a saúde mental de seus usuários: — É possível que isso venha a
trazer algum equilíbrio para o uso da plataforma, já que fala-se em um aumento
exagerado no interesse nas mídias sociais. Tudo aquilo que leva a um
equilíbrio, uma possibilidade de fugir do excesso é saudável. Vejo essa autorregulação
do Instagram como uma oportunidade de pensarmos sobre que está acontecendo com
os nossos jovens.
Segundo
especialistas, as redes sociais não são capazes, por si só, de provocar uma
doença mental. — A maioria dos transtornos mentais é multifatorial, ou seja, há
fatores genéticos, biológicos, mas também culturais. Vivemos em uma época de
grande busca pelo perfeccionismo, mas é preciso entender que a perfeição não
existe. E, nas redes sociais, na maioria das vezes é exposta uma realidade
perfeita. Tirar a contabilização das curtidas não vai, por si só, evitar os
transtornos, mas pode ajudar a diminui-los — opina Higor Caldato, psiquiatra e
sócio da Clínica Nutrindo Ideais.
Os
adolescentes podem ser os principais beneficiados por esta mudança na apresentação
do aplicativo. — Eles têm isso de olhar quantas curtidas os amigos têm e se
sentirem subjugados quando percebem que as pessoas não se importam tanto com as
postagens dela como se importam com as dos colegas. Isso ocorre porque estão na
fase de desenvolvimento e não têm maturidade para compreender o significado
dessas curtidas — comenta Ellen Moraes Senra, psicóloga e especialista em
terapia cognitivo-comportamental.
Para o
psiquiatra Higor Caldato, é preciso ensinar aos adolescentes uma visão crítica
sobre o que se vê nas redes:— Precisamos psicoeducar este grupo para olhar tudo
o que é postado nas redes com uma visão mais crítica. Que aquilo é uma parte da
vida, é só um momento bom, mas que aquela pessoa também passa por situações
ruins.
Dicas
para ter mais equilíbrio
Não
acredite em tudo que você vê
Ninguém é
tão feliz ou feliz o tempo todo como faz parecer nas redes sociais. Lembre-se
que dores não são compartilhadas, então é claro que a grama do vizinho parece
mais verde.
Monitore
o tempo
Preste atenção
em quanto tempo você fica nas redes e estipule um tempo para usar de forma
saudável. O próprio Instagram tem uma função para você definir o tempo médio
que deseja gastar, dessa forma ele te avisa se você ultrapassá-lo.
Não faça
algo só para ter fotos para postar
Evite pensar
em passeios, almoços ou ir a eventos só para ter o que postar ou quantas
curtidas vai receber. Aproveite o mundo real, afinal fotos são para se voltar
no momento vivido, mas se o momento for apenas para fotos do que você irá se
lembrar?
No mundo
virtual nem tudo o que parece é
Lembre-se
que esses aplicativos têm filtros para que você pareça sempre perfeito, mas
será que vale a pena parecer perfeito nas redes sociais, quando na vida real
isto pode virar uma decepção? Repense.
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TECNOLOGIA