Luciano Belford/Agencia O Dia |
Agência O Globo
A irmã do
pastor Anderson do Carmo de Souza, assassinado na madrugada do último dia 16,
revelou à Polícia Civil que viu o celular do irmão na casa onde ele morava com
a esposa, a pastora Flordelis dos Santos de Souza, logo após o crime. Michele
do Carmo de Souza prestou depoimento na última quarta-feira, na Delegacia de
Homicídios de Niterói e São Gonçalo, durante cerca de quatro horas.
O telefone
celular de Anderson ainda não foi localizado pela polícia. Nos próximos dias, a
pedido do Ministério Público estadual do Rio, o Supremo Tribunal Federal (STF)
vai decidir se parte da investigação que tenha relação com Flordelis, que é
deputada federal, permanece com a Polícia Civil do Rio.
Michele
esteve no imóvel em Pendotiba, Niterói, logo após ter sido informada do crime.
A polícia já sabe que o telefone da vítima foi usado horas após o assassinato
do pastor. Uma pessoa que se identificou como filho de Anderson enviou
mensagens em grupos do WhatsApp de Anderson confirmando a sua morte. A DH
investiga a informação de que uma das netas de Flordelis esteve na Praia de
Piratininga, também em Niterói, dois dias após o crime, e arremessou um
telefone no mar.
A suspeita
dos investigadores é de que o aparelho seja de Anderson ou de Flávio dos Santos
Rodrigues, filho biológico de Flordelis que está preso por suspeita de ter
cometido o crime. O celular de Flávio também não foi localizado pela polícia.
Em entrevista
concedida aos jornalistas na última semana, na Delegacia de Homicídios, o
advogado contratado pela irmã do pastor afirmou que vinha causando estranheza a
falta de colaboração de Flordelis e dos filhos para elucidar o crime.
Não há uma
participação efetiva deles para o esclarecimento sobre o que aconteceu. Há
pontos que precisam ser explicados, como o sumiço do celular do Anderson. Há
informações de que o aparelho teria sido entregue a Flordelis e depois
repassado para alguém - disse o advogado.
O Ministério
Público estadual do Rio requisitou, na última semana, o desmembramento do
inquérito da morte de Anderson em relação a partes da investigação que têm
relação com Flordelis. O pedido foi aceito pela 3ª Vara Criminal de Niterói. Na
última sexta-feira, o MP encaminhou ao STF cópia das partes do inquérito que
tenham conexão com a deputada, solicitando que o tribunal defina de quem é a
competência para a investigação.
No ano
passado, o STF decidiu que deputados federais e senadores só possuem foro por
prerrogativa de função em crimes cometidos no exercídio do cargo e em razão das
funções a ele relacionadas. Na última semana, o ministro Celso de Mello, do
STF, sem citar nomes, fez referências à investigação da morte de Anderson. Ele
afirmou que a Polícia Civil de “determinado estado” informou estar investigando
“determinado membro do Congresso Nacional”.
- Ora, ainda
que aquele delito de homicídio nada tenha a ver com o desempenho da função
parlamentar, a mim me parece que aí sim está sendo usurpada a competência penal
originária do Supremo Tribunal Federal, pois cabe ao Supremo Tribunal Federal,
que em regra é o juiz natural dos congressistas, nos ilícitos penais, dizer se
afinal há ou não há conexão daquele delito com a função congressual. E, em não
havendo, é claro, determinar-se-á o deslocamento, a declinação da competência
para o juízo de primeiro grau - disse Celso.
Após a
manifestação de Celso de Mello, o MP estadual do Rio decdiu encaminhar cópia do
inquérito ao STF. O tribunal deve decidir nos próximos dias sobre o pedido.
Nessa
quarta-feira, a defesa de Flávio, filho de Flordelis, recorreu ao STF para ter
acesso ao inquérito sobre a morte do pastor. Os advogados alegam que não
conseguem ter acesso à investigação na DH de Niterói e São Gonçalo. O processo
tem como relator o ministro Roberto Barroso. Além de Flávio, Lucar Cézar dos
Santos, filho adotivo da deputada e do pastor, também está preso por suspeita
de participar do crime.