Foto: Divulgação/Polícia Rodoviária / Polícia Rodoviária Federal |
Marco Grillo e Rayanderson Guerra, da
Agência O Globo
O presidente
Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, durante uma participação na
inauguração de obras de duplicação da rodovia BR-116 em Pelotas, no Rio Grande
do Sul, que o Brasil não terá mais radares móveis a partir da semana que vem.
Na chegada ao Palácio do Alvorada, após voltar da viagem, Bolsonaro voltou a
dizer que os "pardais" serão suspensos e que o instrumento, operado
pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), funciona como uma "pegadinha"
para os motoristas.
— Vamos
suspender os radares móveis até que haja um entendimento para que se convença a
população que deve ser utilizado. O sentimento de todos com quem tenho
conversado, em especial os caminhoneiros, é que funciona como uma pegadinha em
muitos casos. A partir de segunda-feira (a suspensão dos radares móveis) —
disse Bolsonaro ao chegar ao Palácio da Alvorada.
O presidente
negou que os radares móveis, usados para identificar e multar os motoristas que
trafegam acima dos limites de velocidade, funcionem como um mecanismo de
segurança:
— Nada a ver
(com segurança). É caça-níquel e, geralmente, é no retão e depois de uma
descida. Tem levado insatisfação, não só a caminhoneiros, a motoristas de
maneira geral. Não deu certo isso aí, já saturou, cansou esse negócio. Chega de
o Estado ficar em cima do povo — afirmou Bolsonaro.
Nesta manhã
ele já havia dito que a partir da próxima semana não haverá mais radares móveis
no Brasil.
— Estou com
uma briga, juntamente com o Tarcício (ministro da Infraestrutura), na Justiça
para acabarmos com os pardais no Brasil. Essa máfia de multa que vai para o
bolso de alguns poucos aqui nessa nação. É uma roubalheira essa verdadeira indústria
de multa que existe no Brasil. Anuncio para vocês que a partir da semana que
vem não teremos mais radares móveis no Brasil. Essa covardia de ficar no
"descidão", no final de um retão, alguém atrás de uma árvore para
multar você não existirá mais — afirmou o presidente.
Questionado
sobre como eliminaria os radares, Bolsonaro disse que "é só determinar à
PRF que não use mais".
— É só eu
determinar à PRF (Polícia Rodoviária Federal) que não use mais.
Esta não é a
primeira vez que Bolsonaro sugere o fim dos pardais nas estradas federais. Em
maio deste ano, em conversa com jornalistas e apoiadores, ele informou que
conversou com o ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, para
"acabar" com os radares móveis. Isso porque a PRF é subordinada à
pasta.
— É uma
armadilha para pegar os motoristas. Tomei a decisão, entrei em contato com o
ministro Tarcísio (Freitas), que é da Infraestrutura. Quando conversei com ele,
por coincidência, tinha oito mil e poucos novos pedidos de radar em rodovias
federais do Brasil todo. Nós engavetamos aquilo lá.
Dois meses
depois, em julho, o presidente voltou a pregar o fim dos instrumentos em uma
transmissão nas redes sociais e afirmou que lançaria uma pesquisa em sua página
no Facebook, que serviria para ajudá-lo a decidir se acabará com os radares
móveis da PRF.
— Vamos
lançar uma pesquisa para vocês opinarem se devemos ou não acabar com os radares
móveis. Sabe o que é radar móvel? É aquela multa que você não estava esperando
e chega. A rodovia era 80km/h você passou a 96km/h, lá naquele ponto que não
tinha problema nenhum, que você podia colocar 120Km/h e só porque passou 10 ou
20%, "créu", chega uma multa. Se você gosta de pagar multa você vai
votar a favor, eu vou votar para acabar com o radar móvel — afirmou Bolsonaro.
'Tarcísio já anunciou instalação de
mil radares'
Na contramão
de afirmações do presidente, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de
Freitas, anunciou, no dia 15 de julho, que o governo federal e o Ministério
Público Federal (MPF) fecharam acordo para a instalação de mil radares de
controle de velocidade em 2,2 mil faixas rodoviárias monitoradas pela União.
Freitas
informou que o acerto firmado com o MPF reduziu de oito mil para mil o número
de pardais a serem instalados nas rodovias federais do país. A medida deve
gerar uma economia correspondente a cerca de R$ 600 milhões ao Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), de acordo com ele.
A instalação
dos novos radares havia sido suspensa em abril pelo governo federal. Ela
ocorreria nas rodovias administradas pelo Dnit e cobriria 8 mil pontos nos
próximos 5 anos. No mesmo mês, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) entrou com
uma ação popular, encampada pelo MPF, para que radares não fossem retirados e
os contratos prestes a vencer fossem renovados.