Foto: Reprodução/ TV Bahia |
A Bahia teve
mais 147 bolsas de pesquisa cortadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal do Nível Superior (Capes). O anúncio foi feito na segunda-feira (2) e
detalhado nesta terça (3). Este é o terceiro corte neste ano. Ao todo, 237
bolsas deixarão de ser oferecidas somente no estado.
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De acordo com
a Capes, com o novo corte, espera-se economizar R$ 954.621,68 na Bahia. Em todo
o país, a economia deverá ser de R$ 544 milhões, com 5.613 bolsas cortadas a
partir deste mês. No Brasil, a Capes vai deixar de oferecer cerca de 11 mil
bolsas e não serão aceitos novos pesquisadores neste ano.
A capes alega
que por causa do contingenciamento orçamentário, a medida é necessária para
garantir o pagamento dos bolsistas já cadastrados. Na Bahia, a notícia mexeu
com a comunidade científica, que teme prejuízo no desenvolvimento das
pesquisas.
Patricia
Conceição é estudante de mestrado do instituto de saúde coletiva da
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela deve concluir a pesquisa que está
fazendo na área de política e saúde e defender a tese até o início do ano que
vem, mas está apreensiva com os cortes anunciados.
"Se a
bolsa não sair agora, nesse mês, eu não pago meu aluguel. Tem estudante que não
vai poder vir para a faculdade porque não tem dinheiro para o transporte. Tem
estudante que vai ter que voltar para sua cidade, porque é do interior e está
aqui estudando com a bolsa. Então, mexe não é só com a pesquisa, é com a vida
do estudante toda", disse Patricia Conceição.
Os
cortes são feitos nas chamadas bolsas ociosas, período de substituição de
alunos que estão concluindo os estudos para os novos candidatos que vão ocupar
as vagas.
No
Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, são 31 bolsistas de mestrado ou doutorado,
mas, por enquanto, nenhuma vaga ociosa. Para o coordenador de pós-graduação, Luís
Eugênio Portela , a situação fica cada vez mais complicada, porque reduz as
oportunidades para alunos que querem se dedicar exclusivamente as pesquisas.
"A
gente perde os que têm mais possibilidade de se dedicar em tempo integral para
isso e os que têm mais necessidade da bolsa para sua sobrevivência. São
pesquisadores que estão deixando de ser formados e conhecimento que está
deixando de ser produzido", disse Luís Eugênio Portela .
Além
dos cortes de vagas da capes, O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPQ), que tem 2.399 mil bolsas ativas para estudantes baianos
da iniciação científica até pós-doutorado, anunciou que só tem recursos para o
pagamento da bolsa referente ao mês de agosto. Na UFBA, são cerca de 260 vagas.
Para
o coordenador de ensino de pós graduação, Sérgio Ferreira, se não tiver um
suplemento da verba, todos esses estudantes vão ficar sem receber a partir do
próximo mês, o que pode prejudicar as pesquisas.
"Um
prejuízo para os alunos que estão concluindo seus trabalhos, bem como para os
professores, os orientadores, que têm projetos que são financiados por órgãos
nacionais, órgãos internacionais, e que poderão ficar descobertos por conta dessa
parada", disse Sérgio Ferreira.
Alan que estuda na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em
Juazeiro, no norte do estado, até adiantou o mestrado para garantir o
doutorado, mas agora já não sabe mais de vai conseguir. Situação que preocupa e
desanima os estudantes.
"A
pesquisa que eu desenvolvi e iria concluir não vai ser mais possível se eu não
tiver subsídios para poder realizá-la. Eu teria que buscar outras alternativas
para me sustentar, e, de fato, isso vai atrapalhar e impossibilitar que eu
continue trabalhando com a pesquisa", disse Alan.
G1/BA