Hoje em dia barragem de rejeitos virou sinônimo de medo
para a população por causa de duas tragédias no Brasil que tiveram repercussão
mundial. No dia 5 de novembro de 2015 acontecia o que seria o maior desastre
ambiental do País: o rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, localizada
na cidade de Mariana, Minas Gerais. Pouco mais de três anos depois, surge uma
nova tragédia tão preocupante quanto: o rompimento da barragem de rejeitos da
Mina do Feijão, no município de Brumadinho, no mesmo estado. Vivendo com o
fantasma desses casos estão outras barragens em todo o Brasil. Não é o caso da
barragem de rejeitos da mineradora Yamana Gold, situada em Jacobina, no
interior da Bahia.
A maior mina de ouro do Nordeste convive com o medo das
comunidades próximas e com a falta de informação, sobretudo, dos veículos de
imprensa locais. Na área há duas barragens: B1 e B2. A B1 operou de 1982 até
2010, quando a B2 foi finalizada. A primeira suportou 10 milhões de rejeitos.
Agora ela vai ser devolvida ao meio ambiente.
O que diferencia a barragem da Yamana Gold para as demais,
principalmente a de Brumadinho e de Mariana é questão da construção: a baiana é
revertida a jusante, única no país.
Vamos à explicação: os taludes são as laterais de uma
barragem de terra. A lateral que ficará em contato com a água represada é
chamada de talude de montante, e a outra lateral, que é a frente da barragem, é
chamada de talude de jusante.
“O minério da gente é de ouro. Ou seja, uma tonelada de
ouro a gente produz duas gramas, quase 100% do minério a gente considera como
rejeito”, explica o responsável pela barragem da Yamana Gold, o engenheiro
Lucas Vidal.
A barragem baiana, impermeabilizada com polietileno de alta
densidade, é de 70% de material do rejeito underflow, ou seja, composta de
partículas mais grossas e mais densas que saem pela parte inferior do ciclone
(material de construção dos alteamentos), e 30% é “overflow”, de partículas
mais finas e menos densas que saem pela parte superior do ciclone que joga no
reservatório.
O monitoramento da barragem é controlado com instrumentos
piezômetro, além dos ensaios de laboratórios que ocorrem diariamente. Todo o
sistema é controlado por uma central de controle. “Qualquer variação,
incidência, a equipe de campo será acionada. Conseguimos acionar sirene dentro
da sala de controle”, detalhou Vidal. São quatro sirenes, inclusive uma dentro
da barragem. Quem não escutar poderá sentir a trepidação do equipamento. Além
do toque, há um informativo que passa à população. As comunidades próximas são
instruídas em caso de qualquer incidente. O BN apurou que se ocorrer
rompimento, os rejeitos não chegam até o centro de Jacobina.
João Brandão / Bahia Notícias